Havia um menino na janela.
Ele não brincava.
Mas assistia os outros brincando.
Ele não corria.
Mas assistia os outros correndo.
Ele não tinha amigos.
Mas assistia a amizade de outros.
Ele não vivia.
Mas assistia como era a vida lá fora.
O menino crescia.
Sempre ao olhar da janela.
Ele não estudava.
Tudo que queria perguntava na janela.
Suas aulas também eram pela janela.
Sua vida era reduzida ao observar a janela.
O menino cresceu.
Seu trabalho era na janela.
Sua diversão estava na janela.
Seus amigos todos estavam na janela.
Tudo o que ele tinha era aquela janela.
Nunca correu.
Nunca pulou.
Nunca viveu.
Toda sua vida estava na janela.
Sua namorada o conheceu na janela.
Seu filho nasceu sob o olhar da janela.
Seu divórcio foi causado pela janela.
O primeiro presente do filho foi uma janela.
Até que chegou um dia em que o mundo se reduziu aquela janela.
Ninguém fazia nada fora dela.
O normal se tornou a janela.
As doenças eram causadas pela janela.
A depressão geralmente surgia na janela.
A ansiedade era causada pela janela.
O mundo se destruiu por uma janela.
Talvez você querido leitor esteja apenas a olhar por uma janela.
Sem se dar conta que a vida se pas
sa e você não larga essa maldita janela.
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Autor:
Daniel Bernardo Marins Ouriques da Cunha (
Offline)
- Publicado: 2 de julho de 2025 23:32
- Comentário do autor sobre o poema: Uma breve reflexão sobre o mundo contemporâneo
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 1
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