E se um dia, só um dia,
não fosse eu o subestimado?
Se este mundo que criei em silêncio
fosse, de fato, mais que ilusão?
E se tudo que me disseram
fosse reflexo e não invenção?
Se a minha entrega constante
não fosse só concessão?
Minha bolha é prisma,
luz refrata, enfeita a dor.
Se ela romper —
por mim, por ti, por quem for —
que preparem o coração.
Pareço ingênuo?
Pouco vivido?
Logo eu,
que conheci o inferno
e fiz morada no abismo?
Não sou cego à posição que ocupo,
sou quem luta onde ninguém vê valor.
E enquanto puder enxergar, eu irei.
Enquanto ignorar o elefante,
eu ficarei.
Mas cuidado.
Aceitar o silêncio
não é ausência de querer.
É só o tempo do pensamento
se alinhar com o que deve ser.
Meu tempo é finito.
Minha paciência vasta.
Mas não desperdice
o que em mim se arrasta.
Se essa bolha se romper,
melhor que seja de fora.
Pois se de dentro estourar,
não será leve, não será sombra pequena,
será a noite inteira vindo me vingar.
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Autor:
Calminho (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 1 de julho de 2025 02:33
- Categoria: Amor
- Visualizações: 6
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