O Ovo e a Sombra

Igor Ocon

E se um dia, só um dia,

não fosse eu o subestimado?

Se este mundo que criei em silêncio

fosse, de fato, mais que ilusão?

 

E se tudo que me disseram

fosse reflexo e não invenção?

Se a minha entrega constante

não fosse só concessão?

 

Minha bolha é prisma,

luz refrata, enfeita a dor.

Se ela romper —

por mim, por ti, por quem for —

que preparem o coração.

 

Pareço ingênuo?

Pouco vivido?

Logo eu,

que conheci o inferno

e fiz morada no abismo?

 

Não sou cego à posição que ocupo,

sou quem luta onde ninguém vê valor.

E enquanto puder enxergar, eu irei.

Enquanto ignorar o elefante,

eu ficarei.

 

Mas cuidado.

Aceitar o silêncio

não é ausência de querer.

É só o tempo do pensamento

se alinhar com o que deve ser.

 

Meu tempo é finito.

Minha paciência vasta.

Mas não desperdice

o que em mim se arrasta.

 

Se essa bolha se romper,

melhor que seja de fora.

Pois se de dentro estourar,

não será leve, não será sombra pequena,

será a noite inteira vindo me vingar.

  • Autor: Calminho (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 1 de julho de 2025 02:33
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 6


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