Pertencer não é possuir
Pertencer não é ser prisão,
nem ser senhor de uma senhora.
É afeto com compaixão,
não ego que tudo devora.
Não é calar o querer do outro,
nem dominar seu passo e fala.
É ser abrigo e não esgoto,
é ser raiz e não navalha.
Casamento não é corrente,
nem tempo que deixa de ser seu.
Amor sem escolha consciente
é um laço que já morreu.
A sombra ao meio-dia nua
revela o que se esconde no olhar:
quando falta respeito à lua,
a luz deixa de brilhar.
Pertencer vai além da paixão,
é afeto com autonomia.
É viver a dois com razão,
é liberdade em harmonia
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Autor:
Nalva Melo (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 30 de junho de 2025 20:48
- Comentário do autor sobre o poema: O poema explora os limites entre o amor verdadeiro e a posse disfarçada de afeto. Questiona a ideia de pertencimento quando ela se transforma em dominação, apagando a liberdade do outro. A metáfora da “sombra ao meio-dia” representa a distorção do encanto quando o desejo do outro é sufocado. Com intensidade lírica, a obra denuncia as estruturas opressoras presentes em muitas relações afetivas, especialmente no casamento, quando este se baseia em controle. Por fim, o texto exalta o amor livre, mútuo e consciente — construído com respeito, poesia e razão, não com silenciamento ou ego inflado.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 3
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