Ela entrou com a saia azul justa nas curvas certas
e um perfume que não dizia nome, mas queimava.
Os olhos dele caíram nos pássaros estampados,
quietos demais para quem sentia o que viria.
A sala ficou pequena.
Não pelo espaço —
mas pelo impacto dela.
Ela se inclinou para servir o vinho
e o tecido subiu devagar,
revelando a pele quente da coxa,
uma promessa silenciosa sob luz morna.
Ele não disfarçou.
Ela não recuou.
O silêncio entre eles já dizia tudo.
Quando ela cruzou as pernas,
as flores da estampa se abriram mais,
como se sentissem o calor do olhar
e pedissem para serem tocadas.
A cada palavra dita,
o corpo dela respondia antes da boca.
Não estavam ali para trocar preferências.
Estavam ali para sentir o gosto um do outro
sem urgência,
mas com toda a intenção.
Ele serviu mais vinho,
e aproveitou o braço dela estendido até a taça
para olhar com tempo.
Não era só pele exposta.
Era o modo como ela se deixava olhar —
sem defesa, sem fingimento.
As pausas agora diziam mais que as frases.
As palavras só atrapalhavam.
Ele se inclinou.
Ela seguiu o gesto.
Não por decisão — por entrega.
O cotovelo dele tocou o dela.
Quase nada.
Mas suficiente para arrepiar.
Ela não tirou o braço.
Sentiu.
A conversa cessou.
Não por timidez —
mas porque o corpo já assumia a linguagem.
Ela se ergueu.
Caminhou até a janela, sabendo dos olhos que a seguiam.
A saia azul dançava junto.
O tecido apertava e soltava nos instantes certos.
As flores mais vivas.
Os pássaros quase em voo.
Ele a seguiu com calma.
Parou atrás.
Ela não se moveu.
Sentiu a respiração dele na nuca e fechou os olhos.
Um instante.
Dois.
Três.
A mão dele encontrou sua cintura.
Firme, mas delicada.
A dela pousou sobre a dele: permanência.
O cheiro da pele dela era quente,
cheiro de corpo desperto.
Ela eliminou a distância.
Quando seus quadris se encontraram,
o ar pareceu parar.
Tudo dizia: agora.
Ele beijou o ombro dela.
Depois o pescoço.
A boca sabia o caminho.
E a pele dela arrepiava inteira,
como se esperasse aquilo há tempos.
A saia subiu,
não pelas mãos dele —
mas pelo corpo dela buscando mais.
Ela se virou.
Olhou nos olhos dele.
Não disseram nada.
Mas ali, tudo estava claro.
O beijo veio cheio.
Fome e tempo misturados.
As bocas se encaixaram como se conhecessem de outras peles.
Ela respondeu com o quadril.
Pressionou contra ele.
As mãos tropeçavam na pressa,
mas encontravam o que procuravam.
A língua dela percorreu seu pescoço,
desceu pelo peito, por dentro da camisa.
Mordeu com precisão.
Ele gemeu, puxando seus cabelos com força contida.
A saia agora era cúmplice em suas mãos.
Subia, cedia, tremia com ela.
As flores se desfaziam no tecido.
Os pássaros giravam sem direção.
O vinho derramava em aroma sobre a pele.
Ela o empurrou contra a parede.
Montou sem subir.
Só com o olhar.
Desceu com a boca,
parando onde ele pulsava mais forte.
Mas não cedeu.
Quis sentir.
O gosto, o sal, o tempo.
Ele a levantou.
Levou-a onde o corpo pediu.
Ela riu entre gemidos.
E gemeu entre risos.
Agora ela era inteira em suas mãos.
A calcinha úmida, translúcida de desejo.
Os dedos encontraram caminhos antigos.
Ela arqueou.
Mordeu.
Pediu mais.
Quando ele entrou,
não foi como quem invade —
foi como quem é acolhido.
E ela recebeu.
Apertou.
Absorveu.
Os movimentos se alternaram.
Ora ela no comando,
ora ele guiando,
ora os dois se perdendo juntos.
Não tinha pureza.
Tinha verdade.
Não era limpo.
Era bom.
Não era perfeito.
Era real.
A pele contra a pele fazia seu próprio som,
gemidos entrelaçados ao riso,
o ritmo quebrado da entrega mais honesta.
E quando gozaram,
não foi fim.
Foi uma implosão lenta,
um estremecer por dentro.
Depois, ficaram ali.
Suados.
Unidos.
As pernas misturadas,
as respirações em sinfonia,
os olhos fechados,
mas a pele ainda dizendo:
ainda estamos aqui.
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Autor:
L. R. Ramos (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 26 de junho de 2025 21:07
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 4
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