Vovô,
Mesmo quando as minhas memórias estiverem se esgotando
E as pessoas não mais de ti estarem lembrando,
Mesmo assim eu não te esquecerei.
E até quando a morte nos separar
(Assim ela fez)
E o seu corpo físico eu não puder mais abraçar,
Mesmo assim eu não te esquecerei.
As lembranças contigo me trazem nostalgia
De um tempo em que, outrora, a felicidade não me era escassa.
Agora, crescido, vejo que tudo perdeu a graça:
O que era colorido se tornou cinza, o calor se fez frio e o doce virou amargor,
E isso faz com que, em momentos diversos,
Eu ainda clame por ti, meu avô.
Clamor esse que se assemelha a uma dor —
Dor em saber que teu desaparecer me trouxe incompletude e infelicidade.
E com isso, digo-te:
A tua ausência se faz a essência mais pura da saudade...
Em certos momentos, relembro-me bem da nossa última conversa,
Que foi curta, mas cheia de sentimento.
Ainda de madrugada, estávamos nós dois sentados ao relento,
Quando enfim avistamos o ônibus que me levaria para a capital.
O senhor, o senhor lançou-me um olhar paternal
E junto a isso um singelo beijo na testa.
E eu, sem jeito e todo besta,
Fiquei calado, sem saber o que dizer,
E então lhe cerquei com um abraço e te disse: "Vovô, até mais ver".
Mal sabia eu que essa viria a ser nossa última despedida,
Pois é um fato que depois de uma chegada, sempre haverá uma partida.
E sem saber que sua ida eterna estava por vir,
Te vi pela última vez e não soube me despedir...
Contudo,
Fico contente ao saber que em vida tu transmitiste amor, alegria e afeto,
Primordialmente na vida de quem a ti te conheceu.
Em morte, lhe digo que o senhor se tornou eternidade,
Pois, acima de tudo, o seu legado prevaleceu...
E por fim, ainda lhe falo
Que dentre todos os carinhos e abraços,
Por ti eu criei um laço
Que nem a morte pôde pôr um fim.
E com todo vislumbre eu lhe agradeço,
Pois nessas palavras eu reconheço
O amor que o senhor sempre teve por mim...
Obrigado, vovô.
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Autor:
Targino M. M. (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 25 de junho de 2025 21:20
- Comentário do autor sobre o poema: Em 2024, perdi o meu avô para o mal do século, uma doença importuna, sorrateira e mortal: a depressão. Após sua morte, ainda de luto, escrevi este breve poema que retrata um pouco do meu sentimento por ele.
- Categoria: Triste
- Visualizações: 3
- Usuários favoritos deste poema: Fabricio Zigante
Comentários1
Muito bom, Mizael.
Obrigado, Otavio!
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