isso se veste de palavras, mas é ela nua

ela chegou como um vendaval sem culpa.
não pediu licença, não acenou de longe.
só entrou, do jeito que é.
e, de repente, tudo ao redor ficou pequeno demais pra sua presença.

ela não precisa falar alto pra explodir o ambiente.
tem gente que chama atenção com grito,
mas ela basta existir pra deixar tudo em silêncio.
é como respirar fumaça quente e rir ao mesmo tempo.

seu riso debocha da tragédia,
ela fala palavrão como quem recita poesia suja,
faz piada da própria dor como quem já jantou com o diabo
e ainda pediu sobremesa.

quando ela chega, não é presença. é impacto.
é quase um soco no estômago
mas o melhor soco que já levei na vida.
daqueles que tiram o ar, fazem a vista escurecer,
e mesmo assim fazem a gente sorrir, porque porra...
isso é estar vivo.

ela não se encaixa. ela transborda.
e quem tenta entender, se afoga.
porque ela não veio pra ser explicada.
veio pra ser sentida
no peito, na alma, e se a vida for generosa,
no resto dos meus dias também.