Não se apresse, não
meu amor plantado
que nada é pra já,
nem os livros empilhados
nem os poemas guardados
na gaveta do tempo...
:
Minha casa respira
paredes sussurram histórias
enquanto o jardim floresce
A azaleia dança ao vento
as rosas do deserto
altivas, esperam a chuva
E as vincas coloridas
— todas as cores, todas as vidas —
bordam o chão com esperança...
:
No fundo do armário
entre palavras esquecidas
há cartas que nunca enviei
Um poema que escrevi pra você
e deixei no silêncio
esperando ser descoberto
por futuros amantes
ou por ninguém
[um ET talvez]
:
E quem sabe, então
os que virão,
vasculhando a terra molhada
onde o jardim cresceu.
Eles encontrarão um livro
um retrato
um vestígio de nós...
:
E tentarão decifrar
o perfume das azaléas
o toque das rosas do deserto,
e o segredo das vincas coloridas
que não se afobam
nem pressentem a pressa...
:
Como já disse o poeta
Amores serão sempre amáveis
E mesmo que o tempo passe
mesmo que a casa adormeça
o amor que plantei
nos livros, nos versos,
no jardim onde você andava,
resistirá................
-
Autor:
Wander Motta (
Offline)
- Publicado: 24 de junho de 2025 15:09
- Comentário do autor sobre o poema: Escrevi essa poesia como um lembrete de que o amor verdadeiro não se apressa. Ele não precisa de provas imediatas nem de finais apoteóticos. Ele se inscreve no tempo, nas coisas simples, e permanece — mesmo que ninguém mais esteja ali para reconhecê-lo. Porque, como diz o poeta que cito ao fim (Carlos Drummond de Andrade), "amores serão sempre amáveis". Essa é uma poesia sobre deixar algo bonito para trás. Algo que resista. Algo que floresça.
- Categoria: Surrealista
- Visualizações: 1
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