açúcar, maldição e outras mentiras boas

Willie Stchaikovski

eu nunca acreditei nesse papo
de que o amor suaviza as coisas.
sempre fui mais do tipo que fode e vai embora
antes de começarem os papos de futuro.

 

mas aí ela apareceu.

 

não veio com promessas.
nem com cara de quem ia ficar.
mas ficou.
de um jeito meio torto, meio dela.

 

e eu, que sempre escrevi como quem cospe
comecei a gaguejar ternura.
sem perder o sarcasmo,
mas agora com um certo brilho nos dentes.

 

ela tem cheiro de vício bom.
gosto de café forte com bala de hortelã.
fala besteira como quem prega salvação
e me olha como se eu fosse mais
do que o poeta quebrado que se esconde nas palavras.

 

antes dela, meu mundo era todo cinza enferrujado.
hoje ainda é, mas com uns respingos de cor.
tipo quando chove em fim de tarde
e o céu decide dar um show só pra você não desistir.

 

não sei o que é isso.
talvez amor.
talvez só mais uma maldição bem embrulhada.

 

mas se for pra ser engano,
que seja o melhor erro da minha vida.
e se for amor mesmo,
então foda-se.
tô pronto pra sentir isso até o fim
com o peito aberto
e a língua cheia de açúcar.

  • Autor: Willie Stchaikovski (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de junho de 2025 14:52
  • Comentário do autor sobre o poema: Oi pessoal! Tudo bem? Meu instagram é @manualquasehomem e posto os textos/poesias lá.
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 4


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