Há dias em que o corpo parece carregar nomes demais,
vozes demais, pesos demais - como se dentro dele houvesse uma sala
trancada onde demônios cochicham em línguas que só o peito entende
Tudo oscila: o querer viver, o querer sumir, o querer tudo ao mesmo tempo
E cada pílula engolida é uma promessa feita a contragosto, uma tentativa de
domar as tempestades que mudam de nome mas nunca de intensidade
O corte virou ritual, abrigo, vício —
um lugar onde a dor física oferece um tipo estranho de silêncio, uma trégua íntima
E o mundo lá fora grita, em sons pequenos que ferem como sirenes:
vozes altas, portas batendo, até o relógio é agressivo.
A alma se irrita, se cansa, se quebra em picos e vales, e
ninguém vê o esforço de seguir, de fingir normalidade
enquanto tudo arde por dentro
Há momentos em que o corpo apenas sussurra para si:
se eu desaparecesse agora, alguém notaria?
mas há também uma amarra tênue, quase imperceptível, que ainda segura –
e talvez, por enquanto, isso seja o suficiente para não soltar...
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Autor:
Iara (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 24 de junho de 2025 09:48
- Categoria: Triste
- Visualizações: 6
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