Não havia nada naquela torre.
Nem chão. Nem escadas.
Só notas musicais pingando do teto
e o tic-tac de relógios suspensos no ar.
Relógios choramingavam suco de laranja,
ácido e doce como lembrança fermentada.
“Não venha”, sussurravam —
mas eu já estava lá.
Quem escutaria um relógio nu,
derretendo o chão em cítricos soluços?
Então a lua me disse, com dentes de vidro:
“Nade pela torre. Encontre a fita.”
Tic.
Tac.
Tic.
Tac.
Cinco minutos, disse o relógio, cuspindo areia.
Nadei pelo suor das paredes,
até que meus dedos tocaram a fita:
uma VHS coberta de molho,
que sussurrava entre chiados:
“Lembre-se. Lembre-se.”
“Não... <:/^´-=”
LEMBRE_SE.
LEMBRE_SE.
A torre escorreu em lágrimas,
sumindo como sonho molhado em sal.
Mas eu não consegui sair.
A fita me segurava.
Mas eu não queria lembrar.
-
Autor:
Toldi (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 20 de junho de 2025 15:54
- Categoria: Surrealista
- Visualizações: 7
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.