Aos olhos

Caroline Aguirres

Ao olhos do desespero 

A pobreza é um exagero

Aos olhos de um desesperado

Ele corre sem nem ter se alimentado 

 

5 da manhã todo dia

Acorda e da leite pra sua filha

Deixa ela com sua mãe, sua vizinha

 

Aos olhos do medo

A meta é não perder o emprego 

Aos olhos da mal dormida a madrugada 

Corre sem nem ver a estrada 

 

Caiu, ficando sem sul ou norte

A perda do emprego é mais preocupante do que a própria morte;

Tentar se levantar já não era seu forte

A única coisa que desejava é que sua filha tivesse sorte

 

Mas, agora já é tarde

O que ficou, ficou

E sua filha, na casa de sua vó esperou

 

" O papai de novo vai fazer hora extra?"

Sim querida, para que você sai dessa

 

Aos olhos de um pai

O esforço é máximo 

E ele aqui já não estai 

Eu sei que seu motivo era belíssimo 

 

Aos olhos de uma filha

Que só queria do pai o amor

Agora sozinha segue essa trilha 

No coração só lhe resta dor

 

5 da manhã todo dia

Acordava e dava leite pra filha

Deixava ela com sua mãe, sua vizinha 

 

Aos olhos de mal dormida a madrugada

A menina já se encontra desacreditada 

" Saudade de quando rimos

Pra sua vida não valer mais que salarios-minimos".

 

Aos olhos de quem está no topo

Mais um pra trocar

Aos olhos da família, do povo

Mas um que não vai voltar.

  • Autor: C. Aguirres (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de junho de 2025 16:54
  • Comentário do autor sobre o poema: Escrevi este poema ao ver um homem quase se jogar na frente de um cara para não perder um ônibus. Felizmente o carro parou a tempo.
  • Categoria: Sociopolítico
  • Visualizações: 1


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