Reaprendendo

Reaprendo a ser cuidada 
a baixar as defesas, a baixar a guarda,
a permitir que o outro me toque
sem que isso ameace quem sou.

Reaprendo a ser 
sem ter que me provar,
sem pressa de estar
                          [pronta]
Apenas ser... em processo.

Reaprendo que nada permanece 
as coisas mudam,
as fases passam,
e está tudo certo assim.
Aceito o movimento da vida
como parte da cura em mim.
                           [estou curada]

E o movimento que está fazendo.
Reaprendo que nem tudo acontece,
e que o NÃO também carece.
Confio agora no tempo das coisas,
mesmo quando ele não é o meu.

Reaprendo a amar 
com coragem, mesmo com medo.
E que talvez, futuramente, não me ame.
                                     [E eu não reclame]
A planejar com leveza,
sem controle,
sabendo que o amanhã
não precisa ser certeza,
apenas minha intenção com um pouco de ambição.

Reaprendo a deixar fluir 
como cachoeira que não força a direção,
                     [mas tem sua gravidade natural]
que apenas segue.

Reaprendo que o passado é memória viva,
mas não sou mais aquela versão de mim.
                      [mas aprendi]
E honro o que senti,
e sigo, mais inteira o que vivi.
E por tudo que vivi e senti...

Reaprendo, por fim,
a viver um dia de cada vez,
com presença,
com compaixão,
e com fé de que estou exatamente
onde deveria estar para reaprender a amar...