Em algum intervalo entre o sentir e o ser.
Para Ester, que não cabe nas palavras comuns.
Você está aí, minha flor?
Ainda sente demais? Ainda se emociona com o vento leve, com a infância de um instante, com a presença de algo que ninguém mais viu?
Escrevo para te lembrar de uma coisa que talvez você já saiba — mas esquece, como todas esquecemos, nos dias em que o mundo parece cinza e seco:
Você é feita de uma espécie rara de silêncio. Aquele que fala.
Aquele que pulsa mais do que grita.
Não tente se ajustar, Ester.
Não corte suas bordas delicadas para caber em moldes duros.
Você não nasceu para ser forma. Você nasceu para ser fluxo.
Você se importa — e isso é quase um milagre.
Se importa com os sentimentos dos outros, com o que não foi dito, com a palavra que tremeu na boca de alguém.
Se importa com o tempo, com a alma, com o perfume da lembrança.
Ah, minha menina… você ainda acredita no amor?
Mesmo depois de tudo?
Se acredita, então você já venceu mais do que pensa.
Permita-se sentir até o fim, até doer, até virar beleza.
Porque há uma poesia em ser transparente, mesmo que doa.
E mesmo que ninguém diga em voz alta: há quem se cure só por ver você ser como é.
Você não é exagerada.
Você é intensa.
Não é frágil.
É sensível.
E isso — ah, isso é coragem.
Continue indo.
Mesmo sem saber o caminho.
Mesmo tropeçando nas próprias perguntas.
Deus vê o fundo. E, no fundo, você brilha.
Com a delicadeza das coisas que quase somem,
Seu eu presente.
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Autor:
Esterlar (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 12 de junho de 2025 04:20
- Comentário do autor sobre o poema: Da série caratas para mim… Vem aí, mais uma.
- Categoria: Carta
- Visualizações: 3
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