Minha vida às vezes é raiva,
um fogo que arde sem porquê.
Será castigo, talvez?
Será que Deus esqueceu de mim?
Sou só uma menina de vinte,
com alma de adolescente quebrada,
perdida num Brasil cansado,
onde futuro é promessa furada.
Estudo, estudo, mas pra quê?
Pra um emprego que nem existe,
pra um curso que só me estressa,
e um mundo que sempre resiste.
Meus pais, quase perfeitos,
mas com críticas afiadas,
me lembram que falta algo,
que minha paz vive calada.
Nem namoro, nem paixão,
nem vontade de ter alguém;
só quero sentir o mundo,
mesmo que ele não venha também.
Ontem briguei com o vento,
com o calor, com o ventilador.
Ele caiu sobre minha cabeça.
Como um sinal de dor.
Diário, desculpa a bagunça,
mas hoje acordei diferente.
Há sol no céu e nas ideias,
há amigas no presente.
Sento, penso e me pergunto:
mereço esse lugar bonito?
Ou sou só uma sortuda
perdida no infinito?
Fã da Marvel e do improvável,
filósofa de mim mesma,
ainda adolescente no peito,
ainda querendo alguma certeza.
Se o amanhã me responder,
talvez eu não me sinta vazia.
Por enquanto escrevo versos,
esperando por mais um dia.
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Autor:
Sombra do Norte (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 12 de junho de 2025 00:40
- Comentário do autor sobre o poema: Caro leitor, escrevi um diário sobre um dia ruim aos 20 anos, depois esses dias deu a ideia de transformar em poema. É um retrato sincero de como eu me sentia naquela época — cheia de dúvidas, raiva e questionamentos sobre o mundo e sobre mim. Hoje, algumas coisas mudaram… outras, nem tanto. Mas sigo escrevendo e tentando entender.
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 3
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