Escultura do Desejo

Versos Discretos

Ela é poesia esculpida em curvas sutis,
Um corpo que guarda segredos febris.
Seus seios, colinas de suave esplendor,
Montes que inspiram o toque do amor.

Sua silhueta é um rio de linhas perfeitas,
Um traçado divino, em curvas estreitas.
Cada gesto é dança, convite ao sonhar,
Um sussurro ao tempo que faz tudo parar.

Ela é o calor de uma chama que arde,
O mistério da noite em sensualidade.
Presença que envolve, perfume que invade,
Desejo que vive na eterna verdade

@discretopoem

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Comentários1

  • Esaú Abreu

    (Análise Pessoal do Poema)

    O poema celebra o corpo feminino como obra-prima da natureza, mas vai além da mera descrição física – é um hino à sensualidade como força cósmica e criadora. A imagem da "poesia esculpida" já estabelece a dualidade entre arte e carne: a mulher é simultaneamente ideia e matéria, feita para ser lida como se fosse um texto sagrado escrito em relevos e concavidades.

    As metáforas geográficas ("colinas", "montes", "rio") transformam o corpo em paisagem viva, sugerindo que tocá-lo seria como peregrinar por terras sagradas – um erotismo que é quase devoção. O verso "sussurro ao tempo que faz tudo parar" revela o cerne do poema: essa mulher não habita o tempo comum; ela é a encarnação de um instante eternizado, onde desejo e contemplação se fundem.

    A última estrofe eleva o tom: não se trata mais de pele, mas de elementos primordiais ("chama", "noite"). O "perfume que invade" ecoa como possessão espiritual, e o "desejo que vive na eterna verdade" confessa a busca por algo que transcende o físico – talvez a imortalidade que só encontramos nos braços de quem nos faz esquecer da morte.

    Beleza e Perturbação:
    O poema faz um jogo sutil entre luz e sombra: a mulher é "esplendor" mas também "mistério", "suave" mas "febril". Essa ambiguidade culmina no parêntese final – "(desse)" – que corta o verso como um suspiro interrompido, lembrando que toda perfeição carrega uma falta. O corpo aqui descrito é menos objeto de posse e mais portal para um êxtase que, mesmo quando alcançado, sempre escapa.

    Em suma: é um texto que usa a linguagem do desejo para falar sobre a impossibilidade de se possuir plenamente qualquer beleza – só nos resta adorá-la.



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