Dionísio contra a felicidade

Anna Gonçalves

Não é a consciência que determina nosso ser

Mas o seu ser social que determina sua consciência.    

                                [Felicidade]

A felicidade! Um cadáver a arder, inventando por quem tem medo, por quem não sabe ver que o eterno não dorme no mesmo travesseiro

Ela te promete e não cumpre

O infeliz que sonhou um porto sem mãe, um instante sem um mosquito a incomodar, sem uma pedra no caminhar 

É o mesmo infeliz que acha que o bem é o que não muda

Felicidade? Uma mentira bem esculpida no altar, promessas de um ser que morreu de tédio! 

E quem a persegue, não sabe amar o caos que nos habita

O mesmo que nós cria

O fogo do enigma

Ser feliz? Melhor dizer que é transbordar, dançar sobre o abismo, rir da própria ruína 

Pois a verdadeira alegria é errante, é querer e não querer, é tropeçar na pedra, é a chuva que enche o rio e afoga o instante...

É o sim que se nega, é a sombra que liberta

Viver é não chegar 

É estar ausente, o ser e não ser

De viver e não viver... 

Talvez melhor dizer, não há paz eterna, só este turbilhão sagrado, este jogo sem dono

A felicidade? Talvez seja assim.. 
O nome que damos, ela não existe por completo, mas sempre tem seu fim .

Como a flor que, ao nascer, esbanja beleza e alegria,
Mas, com as mudanças do clima tempo, muda,
murcha até a sua morte...

  • Autor: Anna Gonçalves (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 8 de junho de 2025 22:43
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 4


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