Quanto vale meu sangue?
Daria um mar cheio dele
Para que você pudesse beber.
Quantos dentes eu arrancaria?
Quantos dedos eu cortaria?
Quantos pregos em meus pés eu poria?
Uma infinidade deles.
Mas eu não tenho infinitos pregos;
Não tenho infinitos dedos;
Não tenho infinitos dentes;
Não tenho tanto sangue para matar sua sede.
Nessa lama fria que me esquento;
Nesse céu negro que me ilumina;
Eu posso ouvir a gargalhada da Lua,
Que escarra em minhas pernas fracas;
Em meu tronco magro;
Em meus braços finos
Enquanto você sangra por mim.
Desculpe-me pela pele calosa, vermes.
Mas não cederei à doçura de seus lábios
Enquanto o sangue dela, e não o meu, jorrar.
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Autor:
Ultracrepidário (
Offline)
- Publicado: 8 de junho de 2025 14:23
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 13
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