Aquela noite,
a dor me vestiu, o diabo me viu.
A emoção sentiu, ninguém ouviu.
O choro sem fim deu o nome
à dor que também um rosto vestiu.
Mas algo me tomou de surpresa:
a dúvida dela.
Ela me silenciou.
O grito que era pra ser dito
foi tirado como um pedido de amor.
O silêncio me custou quase uma vida.
O mar de solidão me consumiu.
Ali, ao chão, me deito
sobre a água salgada
que dos meus olhos saem.
Ali, penso em pedir justiça.
Como enfrentar a sombra
que faz parte de mim?
Do quarto escuro,
vem o medo,
e o fogo do inferno me queima.
Que pecado tenho que cometer
pra isso acabar?
Que o diabo me tire a vida,
mas até ele sente pena de mim.
Vale a pena lutar contra isso?
Hoje, viver é dor.
Mas o fim do silêncio chegou.
Meu grito será ouvido.
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Autor:
Mikaelly Eduarda (
Offline)
- Publicado: 7 de junho de 2025 16:46
- Comentário do autor sobre o poema: Este poema não é apenas um conjunto de versos — é um mergulho em águas profundas, onde a dor veste o corpo e o silêncio se torna um inimigo cruel. É um relato íntimo, quase confessional, de alguém que enfrentou a escuridão com palavras afiadas como navalhas e, ainda assim, encontrou força para gritar. Ao longo dos versos, encontramos um retrato nu de uma alma ferida, habitada por dúvidas, medos e um desejo quase desesperado de justiça — interna e externa. O sofrimento aqui não é disfarçado, não é romantizado. Ele é cru. E, por isso mesmo, verdadeiro. Mas o mais comovente deste poema é a sua virada final: o silêncio, que por tanto tempo foi prisão, finalmente se rompe. E o grito que nasce das últimas linhas não é um grito qualquer — é um ato de resistência, uma afirmação de existência, uma promessa de que a dor, por mais insuportável que pareça, não será mais calada. Este poema é para quem já sentiu o peso do mundo dentro do peito. Para quem conhece o quarto escuro da alma. Mas também é um poema de coragem — porque gritar, depois de tanto silêncio, é um ato de luz. Leia com o coração aberto. E, se encontrar um pedaço seu entre essas linhas, saiba: você não está só.
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 5
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