A ternura de uma despedida

Yassin Jamal

Até a próxima reencarnação

 

Ela é linda, meiga, chegou de forma tão repentina,  

o algo não planejado mais agradável da vida.  

Um amor despertado pela interação desmedida,  

aquela moça linda.  

 

Primeiras impressões e primeiras encantações,  

como se o som para o estrelado do amar tivesse começado.  

Sim, ela era tão ingénua e genuína na época,  

tão doce e sorridente mocinha.  

 

A primeira interação a dar a crer que de um mundo distante  

a ti já conhecia; contigo a conversa pesada  

parecia ser amassagiada, os dias tristes  

pareciam ser desistristiçados.  

 

E depois comecei a questionar se não sérias uma providência divina,  

um presente que estava numa caixinha que demorei para abrir,  

uma jóia rara nas escavações que só nas profundezas  

eu fui encontrar, uma química a me trazer novas experiências  

que confundem a física dos meus sentimentos.  

 

É claro que as pipocas não se multiplicam para sempre,  

mas aquelas brigas de amor estavam a se tratar;  

é como uma comunicação misteriosa para dizer em palavras indirectas:  

"Eu te amo, tu me amas e nós nos amamos."  

Ah, mais que percurso profundo é este.  

 

As interações directas e indirectas tinham a mesma intensidade,  

e ao passar dos meses aumentava-se a electricidade;  

mas num piscar de olhos, devido à desatenção nossa desmedida,  

um curto-circuito foi causado e estragos foram causados.  

 

Até que poderíamos fingir que nada aconteceu,  

que outras personagens não entraram na trama;  

mas seria hipocrisia nossa; só pudemos nos comportar como amadurecidos,  

e teve um que magoar o outro para não mais magoar.  

Mas é claro que a tartaruga, por mais que sua casca seja dura,  

no fundo é frágil como uma massa molecular.  

 

O tempo foi dado, mas esse ódio não podia continuar;  

e por mais que fôssemos amigos, não podíamos deixar de nos amar;  

compartilhando mesmos ares não podia continuar a ignorância;  

e o verbo "a", o primeiro refalar depois da tensão,  

o primeiro sorriso depois da tempestade, só deixou evidente   

que o motor do amor ainda está a funcionar.  

 

Mas no fundo nos amamos demais para fazer isso se aprofundar;   

o ser amigo foi o único meio termo aristotélico a encontrar.   

Talvez na próxima reencarnação possamos nos amar.

 

E se na próxima vida pudermos dançar,   

entre estrelas e sonhos, sem hesitar;   

os sorrisos não se perderão no ar,   

como ecos de um amor que sabe esperar.  

 

A cada reencarnação, um novo traço,   

desenhando histórias em um mesmo espaço;   

e mesmo que o tempo busque nos separar,   

no fundo dos corações, sempre vamos amar.

  • Autor: Yassin De Gêmeos (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 4 de junho de 2025 05:03
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 3


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