A PRAÇA

Hoje é sábado,

então não tem feira,

como na quinta-feira...

E eu voltei

naquela praça,

que uns dizem sem graça,

mas que lá eu sempre volto,

para remoer minhas lembranças,

sempre que eu posso,

eu me esforço,

sinto meu remorso,

vejo a hora,

e então vou-me embora.

E agora, na volta,

me causa revolta,

às 10 da manhã,

as manhãs amenas de outono,

que já se foi o meu sono,

dão lugar ao sol brilhante

e quente,

calor terrível

e desprezível,

que vai me acompanhar

durante todo dia,

mas vou meditar

nessa sala fria,

até que anoiteça,

para que tudo aconteça,

o dia se ponha,

o sol vá embora,

e nada se oponha,

naquela hora,

para que volte,

naquela praça

que dizem

sem graça,

e apesar

de lá sofrer e chorar,

sempre quero voltar,

pode ser minha desgraça,

mas é naquela praça,

que eu quero estar...