Paisagens da Memória

Lembro-me que fui muito feliz naquela época, 

Lembro que zangava ao ver o anoitecer porque queria ainda eu brincar,  

Ah, se bem me lembro, eu já tinha um carro para impressionar.  

Que paisagens de memórias!  

Lembro de mentir por não querer tirar dente, por não querer levar sermão,  

Ah, eu me lembro de correr com a "vintuinha" das folhas de mangueira,  

Lembro eu dos pés descalços que expunham uma criança despreocupada com a vida,  

toda livre, leve e solta.  

Lembro dos vários papagaios que ficavam nos fios pendurados e eu,  

de medo das falácias, ficava atordoado.  

São várias passagens de memórias passando em retrospectiva,  

Passagens do eu no modo mais inocente e decente,  

Do eu esperto inocentemente,  

Do eu indo atrás dos 100 pauzinhos para aula de matemática,  

Do eu com o caniço dentro do carrinho de ferro adaptado.  

Lembro eu das calças rasgadas que formavam duas "lâmpadas" atrás das minhas pernas,  

Lembro eu de ter muitos amigos e ser muito querido,  

Do beijo na bochecha por ter no teste boas notas rendido;  

Ah como fui eu um aventureiro destemido!  

Lembro dos risos pelo português falho ecoando sob o céu azul,  

Da liberdade em cada esquina, como um sonho sem fim,  

Do sabor do sorvete derretendo sob o sol quente,  

E dos pedidos feitos a em segredo a estrela cadente ao cair da noite.  

Lembro das histórias mitológicas contadas para educar o "eu" ,  

Dos abraços apertados, cheios de carinho;  

Ah, como eram doces aqueles momentos simples!