Há coisas que jamais se apagam.
E há outras que a mente enterra por medo.
Numa biblioteca esquecida,
num canto que nem os corvos alcançam,
existia um homem.
Apenas isso:
um homem.
Não era mais,
não precisava ser.
Não comia, não dormia,
era um cadáver que continuava por inércia.
Naquele lugar, o tempo tropeçava.
Às vezes esquecia de seguir.
E o homem?
Esquecia de lembrar o tempo de andar.
Entre páginas empoeiradas,
pergaminhos calados,
algo o chamou.
Uma memória.
Única.
Horrível.
Aquela que jamais quis reaver.
Ele se lembrou de ser.
De tudo que foi.
De tudo que criou.
E odiou.
Ser demais arruinou tudo.
Devia ter se calado quando ainda havia silêncio.
Pois ser demais,
sem avisar,
é um crime contra si mesmo.
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Autor:
Toldi (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 1 de junho de 2025 16:20
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 16
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