O Coração Ainda Sabe

Permita, alma doce, que o amor entre outra vez,
Mesmo que chegue com os pés descalços,
Trazendo lembranças de um talvez,
E cicatrizes bordadas em abraços.

Permita-se amar, mesmo com medo,
Mesmo que a lógica grite "não!",
Pois o coração, esse velho enredo,
Tem razão, mesmo na contramão.

Quantas vezes calamos o peito,
Por pensar demais, por prudência,
Mas viver não é andar direito,
É tropeçar com alguma consciência.

Ah, o coração parece burro, eu sei,
Faz escolhas loucas, sem motivo,
Mas há uma sabedoria onde a razão não vê,
Um instinto antigo, sempre vivo.

E quando mente e alma se entrelaçam,
E o coração e o cérebro dançam em paz,
Tudo muda, as sombras passam,
E o impossível se desfaz.

Pois quando há equilíbrio no sentir e no pensar,
A vida se torna ponte, não abismo,
E amar deixa de ser um risco a evitar,
Para ser um milagre, um heroísmo.

Então, permita-se. Se jogue. Vai sem pressa.
O amor é risco, mas é ouro no final.
Quem ama de verdade nunca se arrepessa—
Errar por amor ainda é um bem colossal.

Porque no fundo, entre razão e emoção,
É quando os dois se escutam, que nasce a solução.
E até o impossível se curva em gratidão,
Quando você escolhe... seguir o coração.