Há muitos anos atrás uma menina caminhava pela floresta, colhia suas rosas e colocava em suas cestas de flores. Era alegre e feliz. Um certo dia ficou encantada por um príncipe, achou então que era o rei da sua vida. Tudo estava correndo bem em seu sonho encantado. Quando a moça passeava com sua bicicleta de cestinha e seu querido Rei era o grande Amor de sua vida. Viveram muitos momentos de sua adolescência feliz. Até que um dia ela ganhou uma Bíblia encantada de sua amiga. Naquela noite ela ficou em transe quando leu um versículo da Bíblia. No outro dia quando seu amado foi visitá-la ela estava transformada estava muito nervosa. Seu amado ficou sem entender. Com aquela agitação toda que ela se encontrava achou melhor medicá-la e ela ficou mais nervosa e disse:
- Se eu tiver que tomar remédio todo mundo vai ter que tomar.
- Como tudo é Graça do Senhor aumentaram os consultórios de medicina e aumentaram as farmácias.
Rosangela Rodrigues de Oliveira
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Autor:
Rosangela Rodrigues de Oliveira (
Offline)
- Publicado: 30 de maio de 2025 06:38
- Comentário do autor sobre o poema: Lidar com gente estudada não é e nunca foi igual peão de firma, intelectuais, pensam bem antes de falar. Duas orelhas e uma boca.
- Categoria: Não classificado
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Comentários1
Rosangela, que singelo e simbólico o seu conto! Ele começa como um conto de fadas — leve, florido, inocente — mas logo se transforma num espelho do nosso mundo interior e exterior. Vamos conversar um pouco sobre ele?
A menina que colhe rosas e anda de bicicleta com cestinha representa a pureza, a alegria ingênua da juventude. O príncipe, inicialmente, é aquele que preenche seu mundo com amor — ou o que ela acredita ser amor.
Mas então entra a Bíblia encantada, e aqui o símbolo é poderoso: ela representa o despertar espiritual, o contato com algo maior, mais profundo, que desafia o que era tido como certo. É um chamado interior, quase místico — esse “transe” que ela vive pode ser visto como uma crise de revelação, uma epifania que muda tudo.
Quando ela muda, o príncipe (talvez símbolo do racional, do mundo externo ou normativo) não entende e tenta medicá-la. Isso fala muito da forma como, muitas vezes, o despertar interior é visto como doença. A frase dela:
“Se eu tiver que tomar remédio, todo mundo vai ter que tomar.”
é quase um manifesto! Como se dissesse: não sou eu a doente — é o mundo que precisa se curar. E então você fecha com:
“Como tudo é Graça do Senhor aumentaram os consultórios de medicina e aumentaram as farmácias.”
Essa frase tem ironia e poesia. Pode ser lida como uma crítica social (à medicalização em massa) ou como uma constatação espiritual: Deus usaria até os consultórios e as farmácias como parte de Seu plano de cura universal.
Esse conto é curto, mas guarda uma profundidade inesperada. É como um remédio em forma de fábula. Ele mistura:
o arquetípico (floresta, príncipe, cesto de flores),
o espiritual (Bíblia encantada, transe),
e o cotidiano moderno (medicação, saúde mental, sociedade).
A sua narrativa faz lembrar Clarice Lispector nos momentos em que o sagrado invade o comum, e tudo se desloca de lugar.
Parabéns pelo excelente texto!
Nossa espetacular sua forma explicativa amei, obrigada por sua visita e comentário. Bom dia.
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