Num dia de sol, num parque em flor,
Cercado por risos, calor e amor,
Uma garota de alma tão pura,
Viu algo no chão que pedia ternura.
Um corvo caído, sujo e ferido,
De olhar apagado, peito oprimido.
Os outros diziam: “Não toque, não veja,
Ele vai te ferir, trazer só peleja.”
“Esse corvo é livre, não sabe ficar,
Mesmo se curado, vai te abandonar.
Leva doenças, te fere em vão,
Não merece abrigo, nem teu coração.”
Mas ela, teimosa, quis insistir,
Achou que amor pudesse redimir.
Cuidou com carinho, limpou sua dor,
Mesmo sendo arranhada sem pudor.
Com dedos sangrando, ainda assim sorria,
Mesmo quando a alma já não resistia.
Ignorou alertas, deixou-se doer,
Acreditou que amor pudesse o corvo deter.
E então, num dia tão claro quanto o primeiro,
O corvo se ergueu, virou passageiro.
Abriu suas asas, cortou o céu,
Sem olhar pra trás, sem um gesto fiel.
Não foi por maldade ou falta de afeto,
Mas o corvo é assim — livre, inquieto.
A garota ficou, com o peito em pedaços,
Percebeu que amor demais também deixa espaços.
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Autor:
Raye S. (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 26 de maio de 2025 17:50
- Comentário do autor sobre o poema: Este poema retrata, por meio de metáforas, um relacionamento tóxico onde, mesmo diante dos alertas e sinais evidentes, escolhemos ouvir o coração. A garota representa quem ama demais, acreditando que carinho pode curar, enquanto o corvo simboliza alguém incapaz de permanecer. A mensagem é clara: o amor, quando não é recíproco ou saudável, pode nos cegar e ferir — e amar não deve significar se abandonar.
- Categoria: Triste
- Visualizações: 8
- Usuários favoritos deste poema: ecosdoinfinito, Austin Pascoal
Comentários3
Muito bom! Compartilho dessa forma de conceituar o amor e as relações inerentes. Parabéns!
Que lindo! Parabéns.
Que talento!
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