A poesia mais linda nunca foi escrita

Antonio Olivio

A poesia mais linda 


O poeta respirou profundo
Quando lhe veio o presságio 
Sentiu que ela vinha, a poesia 
E rogou-lhe uma prece
Ele escutou o vento 
Batendo calmo na noite
Como uma carícia 
Um gesto de amor 
Diante do mistério 
Aí ele se abriu imenso
Se iluminou inteiro
Lá fora, havia um silêncio estranho
Misturado com barulhos distantes
Gentes com bichos 
Com músicas, Sirenes 
Vidas entrelaçadas 
Em acontecimentos 
Numa sinfonia assimétrica.
O tudo era nada 
E o poeta se entregava
A espera da poesia perfeita
Examinava a forma 
Preparava a métrica 
Enfileirava as palavras
A ortografia 
A linguística 
Abriu o dicionário 
Da sua história e vida
Que lhe ensinara
Como reagir 
Ao puro sentimento
A transcender 
Nas metáforas 
Mais excepcionalmente concebidas
A ideia já lhe havia se apresentada.
E pairava impassiva
Na expectativa 
Da poesia.
O instante foi se avolumando
E ficou carregado da esperança 
Do encontro

Lá do outro lado, ela vinha
Menina brincando pelo caminho
Saia rodada que rodava 
E parava nos jardins noturnos
Cheirava o perfume incólume 
Das rosas adormecidas
Ela vinha flutuando no ar
Feito brisa maravilhada
O céu era só dela
Era dela, o tempo
O mundo era ela
Sua cor  era mil cores
Caleidoscópio brilhante
Ela vinha coletando belezas
Vinha colhendo os  amores
Que ia encontrando
E deixando seu pólem 
No coração dos homens 

E assim ela entrou 
Na casa do poeta
Com toda discrição 
De quem não queria incomodar
Na sala viu os livros descabelados 
E uma simplicidade 
Presente em tudo que via
Foi na cozinha
Viu os vestígios de café recentemente coado
A ferramenta do desassossego
Então ela percebeu 
que deveria ter pressa
Subiu as escadas pé a pé 
Entrou no quarto
Viu o poeta adormecido. . 
A caneta havia lhe escapado 
Das mãos exaustas
Estava caída sobre o caderno
Como um traço vertical
Por cima de palavras imprecisas
A poesia entao deitou-se 
Ao lado do artista 
Como a lhe pedir desculpas 
Passou seus lábios mágicos 
No rosto do poeta 
Beijando-lhe
como se plantasse versos
Em seu jardim de amanhãs 
Depois entrou nos seus sonhos
E voou com ele de mãos dadas 
Mostrando-lhe o8 sorriso do mundo
Em fim ela o deixou extasiado
Dentro do seu cansaço 
Abriu a janela num vento
E se jogou no espaço 


Antonio Olivio

  • Autor: Antonio Olivio (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 24 de maio de 2025 01:05
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 4


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