O ESTACIONAMENTO

Moon Dark

Não era um cenário bonito.

Era concreto, carros, farol apagado.

Sem flores, sem música, sem clichês.

Mas foi ali que tudo começou.

Um canto que se tornou inesquecível.

Porque não era o lugar — era você.

 

O estacionamento não era apenas um lugar.

Era o nosso refúgio.

Era o espaço onde o tempo desacelerava.

 

Entre vigias passando e janelas embaçadas,

Vivemos tudo.

O tempo curto, os encontros rápidos.

Foi ali o primeiro beijo,

O primeiro frio na barriga,

A frase que pedi para sussurrar

Em meu ouvido “Eu não vejo a hora”,

O toque que acendeu tudo.

Até o primeiro sexo —

 

Naquele Tracker, o mundo acabava.

E começava nós dois.

 

Os “5 minutinhos” roubados se tornaram os mais preciosos.

Tínhamos pressa, mas também entrega.

Tínhamos o calor dos corpos e o silêncio cúmplice

de quem sabe que está vivendo algo raro.

 

Cada segundo naquele espaço tinha valor.

Era bruto, intenso, verdadeiro.

Foi onde nasceu o desejo.

Depois, a paixão.

E por fim… o amor.

Que depois se tornou um Quase.

 

Mas o erro foi meu.

Eu quis que o nosso mundo estacionado se tornasse estrada,

Eu passei a desejar isso.

Mas você, você só quis o que cabia naquele universo estreito

Entre o banco e o volante.

 

Hoje, passo por estacionamentos e suspiro.

Não pelos carros.

Mas porque sei o que deixei e vivi ali.

 

Se eu pudesse, construiria um estacionamento dentro do peito.

Desenharia vagas com o nome do que fomos.

E quem sabe, só quem sabe…

Você voltasse.

E estacionasse em mim de novamente.

  • Autor: Moon Dark (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de maio de 2025 13:07
  • Categoria: Amor
  • Visualizações: 2


Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.