Entre Silêncios e Gritos

Te amei no silêncio,
e também no grito.
Te amei quando sorrias,
e quando me ferias sem perceber.

Não passou um dia,
um só amanhecer,
sem que teu nome fosse
meu primeiro pensamento
e meu último adormecer.

Falei alto, sim.
Não por falta de amor,
mas por falta de chão.
Gritava tentando te alcançar
quando você já não me ouvia mais,
presa nas certezas que nunca se dobravam.

Te pedi tanto,
com voz mansa, com olhos cansados...
"Seja leve, me veja, me trate com o bem que te dou."
Mas veio a grosseria,
o desdém, o empurrão emocional,
como se meu esforço fosse apenas ruído.

Sim, eu falhei…
Mas não sozinho.
Você prometeu ser diferente,
mas se perdeu no próprio caminho.
Me deixou falando com paredes,
esperando por mudanças que nunca vieram.

E hoje eu bebo.
Não por fraqueza,
mas por saudade do que éramos
antes de nos ferirmos tanto.
Por tentar esquecer a dor de não ter mais lar,
de ter sido expulso sem sequer ser ouvido.

Sabe o que mais me machuca?
É me sentir culpado por erros que não foram meus,
por atitudes suas que engoli calado,
por conversas que nunca te mudaram,
por portas que você mesma trancou.

Mas mesmo assim…
Eu ainda te amo.
Mesmo entre cacos,
mesmo perdido em mim,
meu amor segue aqui —
ferido, mas vivo.