Por mais que eu me doe inteiro,
só permaneço onde me permitem estar.
Não importa o quanto eu ame,
nem tudo o que fui capaz de ofertar.
As pessoas enxergam o que querem,
sentem o que lhes convém,
e algumas só te acolhem
enquanto você lhes faz bem.
Quando percebem que nada mais têm a tomar,
viram o rosto.
Descartam.
Apagam tua presença como se nunca tivesse importado.
E não, não falo só de amores passageiros,
aqueles que vêm e vão com as estações.
Falo de laços que deveriam ser eternos.
E quando o corte vem de quem é raiz,
não há substituição.
Só o vazio que grita,
e a lição que sangra em silêncio.
Então, aprendi a me proteger,
ergui barreiras invisíveis ao redor do coração.
Não para deixar de amar,
mas para não ser destruído pela omissão.
Chorei noites inteiras,
me culpei por erros que nem sempre foram meus.
Mas encontrei no espelho
a única verdade que me sustém:
Não sou o problema.
Errei, sim, como todos erram.
Mas quantas vezes acertei!
Quantas vezes fui abrigo
quando o mundo desabou sobre alguém.
Abri mão de mim,
dos meus sonhos, da minha paz,
para ser alicerce,
sem jamais cobrar um “obrigado”.
E hoje, recebo olhares frios,
palavras cortantes,
como se o amor fosse dívida
e minha entrega… obrigação.
Mesmo assim, sigo fazendo o bem,
porque minha essência não muda.
Mas agora com armadura
de aço e silêncio,
para que a indiferença não me destrua.
Quem sabe, um dia,
quando a vida ensinar o que agora ignoram,
restará uma saudade.
Talvez um eco do que fui.
Ainda que eu já tenha partido,
meu amor,
quem sabe então
seja finalmente visto.
Mas não viverei nas sombras, aguardando valorização.
Decidi olhar para mim com a
mesma compaixão com que, toda a vida, olhei para os outros.
Decidi me amar e me dar uma chance.
Conhecerei lugares, me permitirei longas gargalhadas,
me sentarei sem pressa para apreciar o pôr do sol.
Não me culparei tanto pelos erros e celebrarei intensamente
os acertos.
Cultivarei um jardim secreto dentro de mim,
um santuário de paz, e não darei acesso
a quem não aprendeu a admirar a beleza das flores.
-
Autor:
Thelma Souza (
Offline)
- Publicado: 20 de maio de 2025 07:50
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 3
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.