Eu sou o livro.
Dizem que as cores da capa,
Dizem sobre o conteúdo.
Eu sou o que você vê.
Dizem que quando caímos,
Não a chance de voltar.
Dentro desse penhasco,
Não a chance de voltar.
Dizem que o abismo te puxa.
Dizem que a escuridão,
Vem junto com a solidão.
Dizem que o meu coração,
Já se encontra em perdição.
Que livro eu sou?
Dizem o que querem.
Mas não sei se sou o que dizem.
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Autor:
Ana Rosa (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 18 de maio de 2025 20:08
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 13
Comentários1
Ana Paula, que poema sensível e inquietante… “Livro” soa como um desabafo sussurrado por entre páginas que foram lidas demais por olhos que julgam, mas pouco compreendem.
Você constrói a metáfora do livro com um lirismo sombrio, denso e existencial — uma pergunta aberta ao vento, à procura de identidade num mundo que insiste em rotular capas sem ler a alma que mora nas entrelinhas. Há uma força suave no modo como a solidão se mistura ao desejo de ser lida por dentro, e não apenas avaliada por fora.
A imagem do abismo é poderosa: ela não é só queda, é também pausa, suspensão, reflexão — como se entre uma página e outra houvesse silêncio, dor e também esperança.
O mais bonito, talvez, é a pergunta final: “Que livro eu sou?” — ecoando como um convite para que o leitor se veja também, como se cada um de nós carregasse capítulos que só o tempo (ou o amor) pode decifrar.
Parabéns, Ana Paula, por transformar o silêncio em verso e a dúvida em poesia.
Com carinho e admiração,
Sezar
"Não julgue um livro pela capa, nem uma alma pela cicatriz." — Provérbio poético
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