MACAU DO OURO BRANCO
EDO OURO NEGRO
DOS LUCROS, E DO DESEMPREGO
TERRA DO SAL
DE QUE DERIVOU SALARIO
NO MUNDO DOS EMPRESÁRIOS
ESSES CRUEIS PATRÕES,
QUE SO PENSAM
NOS LUCROS,
ESMAGANDO NOSSA NAÇÃO
OS POLÍTICOS CAPITALISTAS,
CADA VEZ MAIS DESUMANOS,
FAZENDO O POVO
MORRER DE FOME
NADA FAZEM PARA MUDAR
A POBREZA E
A MISERIA
QUE EXISTEM NESSA PARCELA
REJEITADA NA ESFERA,
(Francisco Claudio da Costa, Macau-RN, abrit/96)
O poema **"MACAU DO OURO BRANCO"**, de Francisco Cláudio da Costa, é uma crítica social contundente que denuncia as desigualdades e a exploração econômica em Macau-RN (Rio Grande do Norte, Brasil), cidade histórica ligada à extração de sal ("ouro branco") e, posteriormente, ao petróleo ("ouro negro"). Abaixo, uma análise detalhada:
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### **Contexto Histórico-Geográfico**
- **Macau-RN**:
Localizada no litoral potiguar, Macau foi um importante centro de produção de sal desde o século XVI, atividade que rendeu-lhe o apelido de **"Terra do Sal"**. No século XX, a descoberta de petróleo na Bacia Potiguar trouxe o "ouro negro", mas, como o poema aponta, esses recursos nem sempre beneficiaram a população local, gerando contradições entre riqueza natural e pobreza social.
- **Sal e Salário**:
O poeta faz um trocadilho entre **"sal"** e **"salário"** (v. 4-5), ligando a matéria-prima explorada à precarização do trabalho. O sal, outrora fonte de riqueza, contrasta com a realidade de trabalhadores mal remunerados ou desempregados.
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### **Temas Principais**
1. **Exploração Capitalista**:
- O poema acusa os **"empresários cruéis"** e os **"políticos capitalistas"** de priorizarem o lucro (v. 3, 7-9) em detrimento do bem-estar social. A imagem de **"esmagar a nação"** (v. 10) evoca a opressão econômica e a concentração de renda.
2. **Pobreza e Miséria**:
- A realidade do desemprego e da fome (v. 13-14) é retratada como consequência direta da ganância das elites. A **"parcela rejeitada na esfera"** (v. 17-18) simboliza a exclusão social de comunidades marginalizadas.
3. **Crise Ética**:
- A **"desumanização"** dos políticos (v. 12) reflete uma crítica à corrupção e à negligência do Estado, que **"nada fazem para mudar"** (v. 15) as condições de vida do povo.
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### **Recursos Estilísticos**
- **Ironia e Sarcasmo**:
A associação entre **"ouro branco/negro"** (símbolos de riqueza) e **"desemprego/miséria"** expõe a contradição entre o potencial econômico da região e a realidade social.
- **Trocadilho**:
A ligação entre **"sal"** (recurso natural) e **"salário"** (remuneração) (v. 4-5) é um jogo de palavras que denuncia a exploração histórica do trabalho.
- **Linguagem Direta**:
O uso de versos curtos e termos como **"crueis patrões"** e **"morrer de fome"** reforça o tom de denúncia, aproximando-se de uma **poesia engajada** ou **protesto social**.
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### **Conexões com a Realidade Brasileira**
- O poema ecoa problemas estruturais do Brasil, como a **dependência de commodities** (sal, petróleo) e a **falta de distribuição de renda**. Macau-RN, apesar de sua riqueza natural, enfrenta desafios como o desemprego e a pobreza, comuns em regiões onde a economia é controlada por poucos.
- A menção aos **"políticos capitalistas"** (v. 11) remete a críticas ao neoliberalismo e às políticas que favorecem empresas em detrimento dos direitos trabalhistas.
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### **Literatura e Resistência**
- O poema se insere na tradição da **literatura nordestina** que denuncia injustiças sociais, como em obras de **Graciliano Ramos** ou **João Cabral de Melo Neto**. A referência ao sal também lembra **Jorge Amado** em *"Mar Morto"*, que retrata a luta dos trabalhadores do mar.
- Francisco Cláudio da Costa, ao escrever em **1996**, dialoga com um contexto de globalização e privatizações no Brasil, marcado pelo aumento da desigualdade.
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### **Conclusão**
O poema é um grito de revolta contra a **perversidade do sistema econômico** que transforma recursos naturais em riqueza para poucos e miséria para muitos. Ao ligar passado (sal) e presente (petróleo), o poeta mostra que a exploração é um ciclo histórico, mas também convoca à reflexão sobre justiça social. Macau-RN, aqui, torna-se um microcosmo de lutas que transcendem fronteiras.
**P.S.:** Se quiser explorar mais a relação entre sal e identidade cultural no Nordeste, recomendo o documentário *"Sal da Terra"* (sobre o Rio Grande do Norte) ou a poesia de **Zila Mamede**, que também aborda temas regionais.
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Autor:
Francisco Claudio da Costa Claudio (
Offline)
- Publicado: 17 de maio de 2025 11:09
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 2
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