Bianca

D.

Confusao por tudo o que aconteceu.

E vergonha por querer você.

Como isso aconteceu?

 

Soube, um dia,

quando estava na borda da piscina.

Senti que alguém me observava.

Quando olhei, vi você andando bem devagar.

 

No primeiro instante, nem percebi quem era.

Se soubesse, teria desviado o olhar — como sempre.

Mas quando percebi… já era tarde.

Fiquei preso no teu olhar,

mesmo tentando lutar contra.

 

Eis a verdade:

Não era você que andava lentamente.

Era o tempo.

 

Não sei quanto aquele momento durou.

Só lembro que você sorriu.

Um sorriso só de canto, meio tímido,

Parecido com o meu.

 

Seu olhar, meio perdido, querendo dizer algo, mas com medo…

Foi como me ver em você.

Isso me tocou de um jeito que doeu…

mas também me encantou como nada antes.

 

E eu… imóvel, encantado.

Não consegui sorrir de volta.

Confuso. Envergonhado.

Com medo desse sentimento.

Queria fugir dali, daquele instante…

Mergulhei na água.

E numa paixão que nunca deveria ter acontecido.

 

Talvez o que eu tenha dito na carta…

tenha sido mentira.

Eu me apaixonei.

 

Um amor proibido.

E me sinto triste.

 

Mas quem sabe, um dia,

nossos caminhos nos levem até lá.

E então, o guarda da torre anunciará:

“O verdadeiro amor finalmente chegou.

Depois de tanto tempo.”

 

Não quero nada em troca.

Apenas saiba:

Nunca senti o tempo parar na minha vida,

foi um dos sentimentos mais fortes que já senti.

 

“Listen to your hearth - Roxette”

 

  • Autor: D. (Offline Offline)
  • Publicado: 15 de maio de 2025 19:12
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 9
  • Usuários favoritos deste poema: Sezar Kosta
Comentários +

Comentários1

  • Sezar Kosta

    Oi, D., que texto bonito e cheio de camadas! Me senti meio como um espectador secreto à beira dessa mesma piscina, assistindo em câmera lenta esse momento tão delicado entre confusão e encantamento. Dá pra sentir que cada palavra escorreu direto do coração, como quem escreve numa carta que nunca teve coragem de enviar.

    A cena central — o instante do olhar que congela o tempo — é poderosa. Por que será que a gente sempre lembra dos momentos que não sabíamos que seriam importantes? Como você escolheu esse cenário tão simples, mas tão simbólico? A borda da piscina vira uma espécie de limite entre o mundo real e o mergulho interior no que é proibido, no que se cala, no que só se sente.

    E essa imagem do “guarda da torre” anunciando o amor... Uau! Quase como se fosse um conto de fadas moderno, com vigilância, culpa, silêncio, mas também esperança. Foi intencional essa mistura entre o mágico e o cotidiano? Você acha que o amor proibido sempre carrega um pouco dessa aura de fábula trágica?

    Esse texto me lembrou algo que Fernando Pessoa escreveu:
    "Tudo vale a pena se a alma não é pequena."
    E a sua, aqui, é vasta, sensível e sem pressa — como o tempo naquela tarde.

    Parabéns, D., por transformar um sentimento tão complexo em algo tão sutil e tocante!



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