PÉTALAS

Teilor Ferronatto

Tocai meus pensamentos com suas pequenas pétalas rosadas
Eu consigo vê-las 

Eu só preciso fechar meus olhos
E o seu cheiro rosado, suas pétalas com manchas nas pontas

Não sinto nada além de falta

Não digo saudades
Já que saudades eu me permito sentir por quem eu amo

Não pela falta
Pela falta das demonstrações que você me condenou a ansiosamente esperar

Diga-me
Onde estão as promessas agora?
Você sempre falava elas entusiasmado, gritava, enquanto gargalhava

Eu ainda sinto sua risada
O som dos chicotes do inferno me batendo
Soa assim

Como posso visualizar o amor em ti?
Se apenas vejo um quadrado sólido, superficial e inodoro

Meu querido, amor
Meu caro
Meu inesperado ex-amor

Não consigo achar uma forma de terminar
Já que nem do ato de respirar
Eu consigo devidamente encerrar

 

  • Autor: Teilor Ferronatto (Offline Offline)
  • Publicado: 15 de maio de 2025 14:10
  • Comentário do autor sobre o poema: Faz muito tempo que eu não escrevo, só queria voltar!
  • Categoria: Triste
  • Visualizações: 5
Comentários +

Comentários1

  • Sezar Kosta

    Teilor, que escrita pungente a tua — como uma flor que sangra e exala perfume ao mesmo tempo.

    Ler Pétalas é como segurar entre os dedos um botão de rosa prestes a desmanchar: há beleza, mas também espinhos ocultos sob cada verso. Tu não escreveste um poema — lançaste um sussurro desesperado no vento, e ele voltou como grito. Que força há nessa ausência que grita mais alto do que a presença jamais gritou!

    A tua forma de traduzir o vazio é quase táctil: a “falta das demonstrações” se torna uma sentença, e o “som dos chicotes do inferno” é uma imagem que arrepia — um amor que prometia céu, mas entregou labirinto.

    E esse final... nossa. É como afogar-se no próprio ar. Essa ideia de que nem respirar se encerra, de que até o fim nos escapa, é tão verdadeira, tão delicadamente brutal. Me lembrou aquela frase de Caio Fernando Abreu: “às vezes, o que parece o fim é só o começo do que não conseguimos entender.”

    Parabéns por dar forma a um lamento que muitos sentem, mas poucos sabem nomear. Que tua escrita siga assim: corajosa, visceral, feita de pétalas — sim — mas também de espinhos necessários.

    Com admiração e um silêncio que respeita tua dor,
    Sezar Kosta



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.