Não posso falar agora.
Mas assim que poder vou responder
Título: 50 Anos de Esperança, 23 de Realidade
Autora: Lédice Pedro Demba
> Eu lutei, eu acreditei,
Quando a guerra parecia sem fim,
A independência, um sonho aceso,
Liberdade, um grito profundo em mim.
Fui soldado de um país em chamas,
Onde a dor não se apagava,
Mas a paz chegou, silenciosa,
E o que se esperava... era mudança.
Cinco décadas de esperança,
Com a paz que veio sorrateira,
Mas onde está a verdadeira mudança?
O que veio foi a espera, a vida inteira.
O petróleo brilha nas mãos erradas,
Enquanto a terra continua seca,
Aqui no Bié, a luta não é nova,
É a mesma, só que disfarçada de seca.
Meus filhos, que nasceram na calma,
Veem o futuro com os olhos tristes,
Perguntam onde está o que prometeram,
Mas as promessas se perdem nas ruas vazias.
A paz que veio com o fim das armas,
Não trouxe comida, não trouxe vida,
O que nos resta é apenas a luta,
E a esperança, lentamente, enfraquece.
Eu, que vi a guerra e vi o fim,
Não sei mais se sei o que é ganhar,
A Angola que imaginei um dia,
Ainda vive em meu coração a sonhar.
Mas eu insisto, continuo a marchar,
Mesmo com as mãos calejadas,
Com os pés que sentiram o peso da história,
Carregando nos ombros a força de quem nunca desistiu.
Quando a riqueza vai chegar para o povo?
Quando a fome vai se calar?
Aqui estamos, 23 anos de paz,
Mas a miséria não soube descansar.
A esperança é teimosa como o sol do Bié,
Ela insiste, resiste, mesmo quando o chão racha,
E eu, que já vi a escuridão do medo,
Sei que o amanhã pode ser melhor se não nos calarmos.
Então, eu grito, mesmo com a voz cansada,
Para que meus filhos não precisem perguntar,
Onde está a mudança? Onde está a justiça?
Para que eles possam ver com seus próprios olhos,
Um futuro onde o suor de suas mãos não seja em vão.
-
Autor:
Lédice demba (Pseudónimo (
Offline)
- Publicado: 15 de maio de 2025 13:36
- Categoria: Reflexão
- Visualizações: 5
Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.