Justiça Queimada

Mateus Fujioka

Às vezes me escuto,

pensando se a pena de morte,

ou a perpétua,

são certas.

E minha mente responde,

sem hesitar,

sem piedade:

são certas — e dependendo,

são pouco.

 

Alguém pode me perguntar:

por quê?

E eu direi.

 

Se alguém recebeu uma dessas penas,

é porque mereceu.

Quem mata,

tira a liberdade de viver.

Tira o direito de respirar,

de sentir dor,

alegria,

abraço,

luz.

 

E não só do corpo que caiu,

mas de todos os que ficaram de pé,

quebrados.

 

A mãe que não vê mais o filho,

o irmão que ouve o eco do vazio,

o amigo que fala com o túmulo.

Liberdades foram roubadas.

Vidas foram rasgadas.

Sorrisos arrancados com sangue.

 

Então por que o assassino

deveria viver em paz?

Por que respirar sem peso?

 

Ele talvez se arrependa,

mas o corpo no chão não volta.

O tempo não se costura.

O buraco não fecha.

 

E eu vou além:

quem violou um menor,

quem matou dezenas,

milhares…

isso não é humano.

Isso é podre.

Isso é o inferno andando.

 

E se o inferno é onde se paga,

então que pague aqui.

Com cada segundo,

cada dor,

cada silêncio sufocante.

 

Não basta tirar a liberdade.

É preciso queimar a alma.

Que o dia seja escuro,

a noite gelada,

e o amanhã,

uma promessa de dor.

 

Que ele viva o inferno

na terra,

até que o próprio inferno

o chame de volta pra casa.

  • Autor: Mateus Fujioka (Offline Offline)
  • Publicado: 14 de maio de 2025 00:00
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 3


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