OLHOS QUE PEDEM, HISTÓRIAS QUE FALAM.

ERALDO

 

Porque a verdadeira riqueza não está no que se possui, mas no quanto se reparte.

 

A gente vai pegando o hábito de agradecer — às vezes até mecanicamente — mas esquecemos que também é nosso dever ofertar. Não falo apenas de bens materiais. Falo de uma palavra amiga, de um gesto de escuta, de um olhar sincero. Há tantos necessitados por aí — não de moedas, mas de presença, de compaixão, de alguém que os enxergue de verdade.

 

Jesus, que tocava as feridas e fazia milagres, sempre lembrava: "Tua fé te salvou." Porque a verdadeira mudança não vem de fora. Ela brota de dentro, do que acreditamos, do que cultivamos em nós e no outro.

 

Hoje, ao passar por uma academia, vi pessoas esculpindo seus corpos, buscando saúde, estética ou talvez aceitação. Logo à porta, uma mãe com uma criança de colo pedia esmola com os olhos. Não falava mais. Já cansada de pedir com a boca, esperava que alguém lesse seu silêncio.

 

E me pergunto: quantas vaidades ainda cegam o nosso amor?

 

Jesus disse: "Cuidai das crianças." Ele as colocou no centro de sua mensagem, como quem diz que a inocência e a vulnerabilidade são sagradas. E, no entanto, deixamos tantas crianças ao relento, tantos corações à margem.

 

Lembrei então de um pensamento que escrevi há algum tempo:
"Prefiro ser um velho pobre, que senta nas calçadas contando histórias para quem passa, do que um velho milionário em suas mansões, sem histórias para contar e sem ninguém para ouvir."

 

Essa frase ecoou fundo. Porque no fim, não é o que temos que conta — é o que deixamos. É o quanto tocamos a vida dos outros, o quanto escutamos e fomos escutados, o quanto fomos ponte e não muro.

 

O passado não é triste. Triste é olhar o presente com medo do futuro.

 

Mas ainda dá tempo. Sempre dá. Basta começar com um olhar que acolhe, uma palavra que levanta, uma escuta que salva.

 

— Eraldo De Sousa Silva

  • Autor: Eraldo sousa Silva. (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 13 de maio de 2025 23:38
  • Categoria: Reflexão
  • Visualizações: 3


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