O que acalma as mentes, por engano,
é o cárcere invisível e tão insano.
Um poço fundo e escuro, onde caímos
no instante em que à vida, enfim, surgi.
Vivemos entre guerras e cansaço,
lutando contra o tempo e o fracasso.
E os olhos já sem luz, sem direção,
não veem a lama onde rastejamos.
Sorrimos por não ter a boca cheia
de terra que sufoca e nos incendeia.
Rastejamos, humildes, no caminho,
enquanto outros nos usam de degrau.
Eles sobem e nos deixam pra trás.
Pisam nos rostos, sem sentir jamais algum remorso.
Ignoram dor, desprezam nossas leis...
Somos apenas cães.
E eles, reis.
Caímos no poço, nascemos em dor,
lutando sem trégua, perdendo o sabor.
A lama nos prende, o tempo nos afoga
somos os cães… e eles, os reis de mentira.
A mente se cala, o corpo resiste,
o dia repete, o sonho desiste.
Sorrimos com medo, com terra na boca,
a alma se curva, o mundo sufoca.
Rastejo no chão pra seguir o caminho,
ninguém me levanta, mas sobram espinhos.
E enquanto me abaixo, alguém se levanta,
me pisa, me usa,minha dor é sua escada.
Caímos no poço, nascemos em dor,
lutando sem trégua, perdendo o sabor.
O tempo nos cansa, a lama nos prende
somos os cães… e eles, os reis de mentira.
Não veem as lágrimas no nosso olhar,
só veem degraus pra poderem passar.
Nos chamam de fracos, de sombra, de nada,
mas somos a base da torre erguida.
Reis de concreto, com tronos de dor,
cimentam impérios com nosso suor.
Mas a raiva é semente, o grito é raiz ,
e até cão faminto, um dia, resiste.
Caímos no poço, nascemos em dor,
mas dentro da lama ainda nasce a flor.
Se um cão se levanta, outro também faz
E quando o silêncio virar trovão,
quando a marcha subir do chão...
os cães vão uivar por libertação
e os reis vão tremer de medo quando a multidão surgir.
Eles tem tronos, nós, multidão.
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Autor:
nao conheco palavras (
Offline)
- Publicado: 13 de maio de 2025 04:32
- Categoria: Conto
- Visualizações: 3
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