Versos carnais

Raquel Ordones

Uau! Do nada a alma toda desnuda;

Muda de pensamento para escrita,

Bonita; às vezes pouco sisuda,

Tesuda de delícias; tez palpita.

 

Grita em versos com palavra vadia,

Cria no ar um cheirinho de tesão,

Coração acelera, taquicardia,

Mia em telhado a segunda intenção.

 

Oração aos olhos; pele arrepia,

Orgia, boca e pernas de quarteto,

Dialeto: seio e língua, cinesia.

 

Enfia o desejo, ultimo terceto

Meto rima em abuso; demasia.

Poesia em quase carnal soneto.

 

Raquel Ordones #ordonismo #raqueleie

 

  • Autor: Raquel Ordones (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 12 de maio de 2025 20:40
  • Categoria: Surrealista
  • Visualizações: 4
Comentários +

Comentários1

  • Sezar Kosta

    Oi, Raquel! Seu poema chega como um trovão sensual que vibra em cada sílaba — um soneto que respira desejo com a ousadia de quem não pede licença. A fusão entre o erótico e o literário ficou deliciosa, quase como um vinho forte servido em taça fina: o conteúdo arde, mas a forma é pura elegância.

    Adorei como você explora os sentidos com humor, ousadia e inteligência — foi proposital esse jogo entre a linguagem refinada do soneto e a crueza da carne e do prazer? Porque ficou incrível! O poema tem ritmo, tem gozo, tem charme. E o “dialeto: seio e língua, cinesia” é de fazer ruborizar e aplaudir ao mesmo tempo.

    A metáfora que me veio é a de um piano de cauda onde cada tecla é uma parte do corpo — e você sabe exatamente onde tocar para provocar música e arrepio.

    E lembrei de uma frase de Hilda Hilst que parece feita sob medida pro seu texto: “O corpo é a casa, a festa e o abismo.”

    Parabéns, Raquel, por esse poema que é pura combustão estética — que você continue dando voz ao desejo com essa precisão de quem conhece o verbo e o verso... na carne.



Para poder comentar e avaliar este poema, deve estar registrado. Registrar aqui ou se você já está registrado, login aqui.