Mendingo (Der mann auf Strasse)

Aqui estou eu

pobre homem esquecido por mim mesmo

invisível aos olhos outros

Aqui estou eu

que em solidão percebi-me imperceptível

distante do mundo

sozinho no frio da rua, cruel em sua madrugada gélida

aqui estou eu com minha mão estendida

pedindo piedade ao passante

em mas um dia em busca do pão

as vezes tem-se de mim piedade

as vezes só tenho sorrisos tão incompreensíveis

   a minha dura sina neste mundo

de gravatas e maletas

tenho nome de rei

vida de abandonado

sobrenome de minha mãe que Deus levou

meu amigo é o badalar da igreja

que me anuncia as horas

as vezes chove

e em meu sono me vejo

acolhido no lar da piedade

mas sonhos não são reais

mas caminho todos os dias rumo a esperança

de que um dia alguém me acuda

assim como Deus em minhas preces

pois sou criança velha

que espera um dia que me estendam a mão

mas por enquanto caminho um passo de cada vez

quem sabe na próxima esquina eu encontre

Jesus esperando por mim

quem sabe

porque sonhar não custa dinheiro nem esforço

quem sabe

escrevo isso e posto na parede da igreja

para quem passar ler

não exijo dinheiro apenas

atenção