CACTUAGEM POÉTICA

Grupo Poético Spell

CACTUAGEM POÉTICA 
GRUPO POÉTICO SPELL
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VI NO CACT 
 
Cultivo dentro do meu íntimo uma força estranha. 
Resistência obtida em meio às tempestades do deserto. 
Nas noites escuras sempre guiada pelas estrelas, clarão aberto.
A paciência tudo alcança, não permite qualquer artimanha. 
 
E no tempo determinado debaixo dos céus, minha confissão:
Sigo obstinada o caminho a mim marcado, exibe história. 
Em cada novo dia, um novo recomeço, uma nova memória. 
Assim defino as metamorfoses do destino, autoavaliação. 
 
As pedras do caminho,  ajunto todas  para a escalada. 
Há calmaria , ora dolorosa, ora prazerosa,  ato fecundo. 
Tudo vale a pena, quando se possui um coração profundo. 
E num breve tempo, tão somente sigo na vida a estrada. 
 
Absorvi a lição do cacto nas nuances do tempo deserto:
Valer- se do que tem , sem curva- se , sem lamento, liberto. 
 
Ruth Paes ( 28.04.25)
Garanhuns-Pernambuco 
Direitos Autorais Reservados ao Autor pela Lei 9.610/18
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UM POUCO DE TUDO 
 
Te busquei, pois, tu eras urgente pra mim
A noite, por isso, renegava ter fim
Meu ontem, confesso, não foi dos melhores
Também não distingo-o entre os piores
Admiro quem leia livros dentro das noites
Espanta o cansaço, confronta os açoites... 
 
Sombras chapiscam, figuras eclodem
Confesso, porém, não ser o meu hobby
Ficar sem versar, é viver em desordem
Se vejo em sonhos teu meigo olhar
Chorar nas manhãs não posso evitar
É como tocar nos espinhos sem flores
Sem ter qualquer razão pra abraçar 
 
Num dia comum, ou dia especial
De ventos contrários ou de vendaval
Sou lirio no campo, amor de paixão
Ou, simples cacto, pra ferir de arranhão
Se a procela atravessa a inspiração
E não possa plantar frames do coração 
 
Poeta: tulha, que guarda inspiração
Vida como jardim cheio de plantação
Flor e caule, dando a vida ao chão
Quem conhece a procedência que tem
Sossega ou sofre nos espinhos também
Se vais colher pra dar mal á alguém 
 
Te busquei, pois quero dividir minha alma
Um pouco de tudo ou tudo de nada
Como a paixão que brilhou como a lua
Ou como o sol que no Universo conflua
Entender, de fato, o que o poeta disse
É viver os dois lados. O resto é tolice
Faltar-te a água... é triste castigo?
Defender-te com espinhos, é ação de amigo!
             (elfrans silva) 
 
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Entre Espinhos e Estrelas 
 
Te procurei como quem busca
um gole de água no fim do deserto —
urgente, febril, inevitável.
A noite, cúmplice cansada,
relutava em apagar-se
só pra me ver te esperar. 
 
Meu ontem...
foi apenas um ontem.
Nem tragédia, nem festa.
Foi o silêncio entre dois trovões.
E mesmo assim, eu lia —
não páginas, mas olhos que sonham
quando a alma teima em não dormir. 
 
As sombras brincavam nas paredes,
criando figuras que não pedi.
Não é passatempo, é tormenta,
essa ausência de versos
quando teu nome não rima com nada
senão com saudade. 
 
Te sonho.
E choro como quem pisa o chão
cheio de cacos e não desvia.
Não há flor para esse espinho —
mas ainda assim,
meu coração quer abraçar. 
 
Num dia qualquer —
com ou sem celebração,
com vento a favor ou vendaval —
sou flor no campo, se tu me regas,
ou cacto seco, se me negas.
Não é vingança, é defesa:
meu amor tem espinhos. 
 
Poeta sou,
feito celeiro de sentimentos,
plantando imagens onde cabe dor,
colhendo versos com perfume de flor.
Quem já sangrou no espinheiro da alma
entende que até o silêncio é semente. 
 
Te busquei pra dividir o invisível:
meu tudo e meu quase nada.
Como a lua que arde fria,
como o sol que se perde 
nos próprios passos.
Entender o poeta é sentir ao avesso.
É saber que negar a água a alguém
é pior do que ser ferido por espinhos —
porque os espinhos ao menos…
tentam proteger.   -
                (Melancolia) 
 
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COMO CACTOS DE VIDA 
 
Na noite de fria de outrora,
Perdi o sono, perdi o rumo,
Perdido num quarto escuro,
Aguardando o romper da aurora; 
 
Olvidado em pensamentos
Numa viagem sem destino
Resgatando velhos sentimentos,
As agruras de um menino; 
 
Os espinhos que encontrei pela vida,
Amizades, amores, as dores da despedida,
Os percalços que pavimentavam dia a dia
Meus primeiros rabiscos de poesia; 
 
Como um Dom Quixote tanto sonhei,
Como cacos de vidro eu me quebrei,
Mas como cactos de vida, eu resisti, não desisti, 
Juntei as palavras e em versos as transformei. 
 
Jose Fernando Pinto
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EVOLUÇÃO ADAPTATIVA 
 
Pela vida acontece a eterna luta...
O ser na evolução teve o seu drama,
Da genética é escravo e não reclama,
Vencer é se dispor à gana bruta... 
 
Mas a vida no instinto faz-se astuta,
Segue no evoluir um cronograma
De sorrateira ter-se em seco ou lama
E às vezes a genética permuta. 
 
Pois o cacto chegou a descobrir
Que vencer intempéries é preciso,  
E se a vida no mar viera a surtir 
 
O cacto a precaver-se de água ausência
Dotou-se em carapaça com o aviso:
Que, no árido, adaptar-se é inteligência.
              (Maximiliano Skoll)
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      CACTOS DA ALMA 
 
Entre o pó das palavras,
e o vento que arrasta promessas,
há dias em que o olhar se curva
sob o peso seco do silêncio.
 
Na linha tênue do horizonte,
a esperança, líquida miragem,
desenha um oásis de espera. 
 
 Somos cactos de alma,
guardando na carne áspera
a água clandestina do afeto. 
 
Espinhos se erguem – sentinelas do medo –
contra o sol ácido da desconfiança,
contra o sopro frio das ausências. 
 
 Mas sob a pele de pedra,
pulsa um verde secreto,
seiva teimosa que resiste
aos desertos do orgulho. 
 
O amor, raiz sem mapa,
fura a terra dura em busca de sombra
e de umidade esquecida. 
 
Juntos, atravessamos tempestades
de silêncio, de mágoa, de tempo;
cada gota, um pacto; 
 
cada trovão, um reinício.
O coração, terreno frágil,
aprende a esperar a chuva breve do perdão –
e, no gesto mínimo, rega o impossível. 
 
 Em cada espinho, um aviso:
o amor não é ausência de dor,
mas a insistência da flor
no centro da pedra, 
 
onde a beleza se esconde
até que o impossível aconteça.
             (Sezar Kosta)
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CACTUAGEM POÉTICA 
 
No deserto da palavra
O cacto-verso resiste,
Quando o mundo anda triste
A poesia é nossa lavra
O coração não se agrava
Com escassez de atenção 
Guarda em si a intenção
De brotar quando preciso
Poema que traz sorriso
Até no árido sertão.
....................................
Entre espinhos e beleza
Poesia é resiliente,
Como o cacto resistente
Extrai da seca, firmeza.
Versos de pura grandeza
Seja de riso ou de pranto,
Mas que ofereça encanto
Pra seguir verde e erguido.
Todo poema é’um sentido
Resistindo um tanto quanto
        
Dr. Francisco Mello - Buenas, tchê.
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CACTO 
 
Árido. 
 
Mãe, teu amor é como o chão seco,
Duro por fora, mas guarda o afeto.
És vida escondida na terra vazia,
Seiva que nutre com calma e poesia. 
 
Teus espinhos são braços que cercam,
Protegem dos ventos que os dias carregam.
Floresces discreta, em cores tão belas,
Mostrando que a força também é singela. 
 
Na aridez do mundo, és meu sustento,
Oásis de paz em todo momento.
Como um cactus, resistes em calma,
Guardando o amor no fundo da alma.
         (Renan_)
Comentários +

Comentários5

  • Maiza Chagas

    Deus fez tão bonitinho
    Mas não posso fazer um carinho
    Só posso admirar e com muito amor adubar.
    .... Parabéns a todos os poetas participantes deste lindo mesclado. Todos foram excelentes nas suas interpretações e belíssimos em suas inspirações. Amei cada texto poético que li aqui.
    Deus abençoe a todos.

  • Grupo Poético Spell

    Minha gratidão de todo meu coração
    aos poetas que contribuíram com seus poemas ao Grupo Poético Spell G.P.S, no mesclado Cactuagem Poética. Uma obra excelente pra toda a vida. Caso algum não foi incluído favor mandar um zap 44 9753 7217, que imediatamente será incluso, pode ter havido algum erro, por favor. No mais agradeço e aplaudo à cada um, em particular, por sua magnífica contribuição lhes desejando um feliz final de semana e um caloroso abraço poético.

  • Sezar Kosta

    Meus caros companheiros de espinhos, digo, de versos,

    Percorri cada linha das nossas “Cactuagens Poéticas” como quem atravessa um deserto animado – com cantil cheio e o coração curioso por flores no improvável. E, olha, que travessia saborosa! Cada poesia foi um oásis diferente: teve miragem de esperança, sombra de saudade e até aquele vento quente que sopra lembranças e sopra, também, boas risadas.

    A Ruth Paes abriu caminho com um cacto sábio, mestre em apanhar pedras para construir escadas, não muros. Lição anotada: paciência é flor que só nasce em quem não teme o deserto!

    O Elfrans Silva veio nos lembrar que poeta é tulha – guarda tudo, até o que dói, mas transforma espinho em verso e sede em partilha. E, entre um arranhão e outro, só não aceita mesmo é viver sem poesia.

    Já Melancolia nos fez caminhar entre estrelas e espinhos, e até o silêncio virou semente. Quem já sangrou na alma sabe: até espinho tem abraço, e negar água é pior do que espetar.

    O Jose Fernando Pinto, com sua “vida de cactos”, mostrou que pra cada noite fria existe uma aurora possível, e que sonhos quixotescos e cacos de vidro também servem pra compor nosso jardim resistente.

    Maximiliano Skoll trouxe ciência para o sertão: evolução adaptativa! Se o cacto aprendeu com o tempo a se armar para a seca, a poesia também aprende a florescer onde há aridez. Viva a inteligência da resistência!

    E, ah, que alegria encontrar Renan e o “Cacto-mãe”, onde todo espinho é proteção e toda aridez esconde seiva de carinho. A vida dura, mas o afeto sobrevive bonitinho, guardado no fundo da alma.

    Doctor Francisco Mello, como bom gaúcho, plantou versinhos firmes no chão seco: poesia é lavra, é broto, é resistência sorridente, mesmo quando o mundo anda meio cabisbaixo. Que beleza de lavoura, tchê!

    Fico aqui, regando cada poema com gratidão e sorriso. Vocês todos têm o raro talento de fazer nascer flor onde só havia pedra e sol forte. Parabéns, meus amigos, por cada espinho que virou beleza, por cada silêncio que virou verso. Que venham outros desertos – juntos, somos cactos que não desistem de florir.

    Abraço verde e espinhento (mas de longe, pra não machucar),
    Sezar Kosta

  • Jose Fernando Pinto

    Excelente trabalho meu amigo Elfrans Silva, parabéns a todos os poetas que participaram e gratidão pela oportunidade de estar entre vocês, grandes poetas! Forte abraço!

  • Melancolia...

    Satisfação e gratidão a todos do grupo por esse excelente trabalho....



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