As vezes me sinto sozinho, mas quem nunca se sentiu assim,
Começando tudo de novo, pra cedo ou tarde um novo fim
Mas o vazio faz de parte de mim, e dele não quero me livrar
Pois se um dia ele se for, quem é que vai me acompanhar
Pois a tristeza nos leva a alegria, teoria nos leva a prática,
Duvidamos de nós mesmos, mas dúvida leva a dádiva
Nem todo choro remede a lágrimas, nem toda tristeza remede a mágoas,
E no final de tudo, nem todo profeta anda sobre as águas....
Mateus Farias, 2025
“O Hóspede Invisível”
Há um silêncio que me segue pelos cômodos,
como sombra que não sabe partir.
A solidão, velha moradora,
já nem bate à porta —
tem as chaves, o costume,
e até um lugar cativo no sofá.
Recomeço tudo sem entusiasmo nem pressa,
como quem escreve rascunhos à beira do tempo.
O fim espreita nas curvas dos dias,
mas eu o trato com desdém
— ou inocência fingida.
O vazio é meu hóspede invisível.
Tão leal em sua ausência de tudo
que sua partida me pareceria perda.
Quem me habitaria, senão ele?
Carrego dúvidas como sementes no bolso:
umas germinam em epifanias,
outras adormecem no escuro.
E quando choro,
não há sal nem cena —
é só um cansaço líquido,
deslizando do que ainda sou.
Nem todo profeta caminha sobre as águas:
alguns afundam com um tipo raro de elegância,
como quem entende que até o milagre
pode falhar.
Sezar Kosta
- Autores: Mateus Farias, Sezar Kosta
- Visível: Todos os versos
- Finalizado: 23 de maio de 2025 11:30
- Limite: 4 estrofes
- Convidados: Público (qualquer usuário pode participar)
- Categoria: Triste
- Visualizações: 11
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