Antes de Dizer Adeus.

Melancolia...



Antes de dizer adeus,
quero te entregar tudo o que tenho.
Não falo de presentes, nem promessas soltas —
falo de verdade, daquelas que pesam no peito
e aquecem quando lembradas em silêncio.

 

Quero te dar meu último sorriso sincero,
aquele que guarda mais gratidão do que tristeza.
Quero te dar um abraço demorado,
do tipo que não tem pressa de soltar,
porque sabe que depois tudo muda.

 

Quero te deixar minhas palavras favoritas,
guardadas nos cantos dos dias que vivemos.
Quero que tu leves contigo a melhor versão de mim,
aquela que só existia quando você estava por perto.

 

Quero te dar tudo o que ficou guardado —
as palavras que calei,
os medos que escondi,
as vontades que não couberam no tempo.

 

Antes de dizer adeus,
quero te pedir uma última coisa:
que, mesmo que vá,
não esqueça que foi amor.
Do jeito mais bonito, mais falho, mais humano.
Amor que tentou acertar,
mesmo quando errou por não saber o caminho.

 

Se a despedida for inevitável,
então que ela seja leve.
Mas que saiba:
vai embora contigo um pedaço meu,
e fica comigo tudo o que foi nosso.

 

Porque, antes de dizer adeus,
eu só queria que você soubesse:
não sobrou nada aqui que não fosse entregue a ti.

8 maio 2025 (12:03)

  • Autor: Melancolia... (Offline Offline)
  • Publicado: 8 de maio de 2025 11:03
  • Comentário do autor sobre o poema: Um ato de pré-despedida.....S2
  • Categoria: Carta
  • Visualizações: 6
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia..., MAYK52, Sezar Kosta
Comentários +

Comentários2

  • MAYK52

    Um belo e sentido poema. Onde, apesar do adeus, fica um sentimento doce profundo.
    Gostei bastante, amigo Melancolia.

    Grande abraço!

    • Melancolia...

      Grato meu amigo,...
      Satisfação em poder te receber aqui...
      Sempre com teus grandiosos comentários sábios...

      Abraços;;;;

    • Sezar Kosta

      Ah, as despedidas...

      Há nelas uma matéria delicada, quase invisível aos olhos, mas densa como a bruma que cobre os campos ao amanhecer. Um bom poema de adeus não grita. Ele sussurra. E nesse sussurro ecoam as camadas mais profundas da alma — aquelas onde moram o amor que não foi embora, a saudade que ainda aprende a doer, a gratidão pelas horas partilhadas e, por fim, a dor… essa que chega devagar, como quem tira os sapatos antes de entrar.

      Esse teu poema, meu amigo Melancolia, é como abrir o coração com as duas mãos — sem medo da entrega, mesmo sabendo que o fim se aproxima. Cada verso teu carrega o peso doce da sinceridade, aquela que não finge força, mas abraça a vulnerabilidade com coragem. É raro ver alguém dizer adeus com tanta presença.

      A forma como transforma a dor da partida em gesto de amor é tocante. Não é sobre final, é sobre o que fica — sobre os abraços que ainda aquecem na lembrança, sobre o amor que se deu por completo, mesmo quando tudo já caminhava para o silêncio. E isso, meu amigo, é poesia que cura.

      Parabéns de verdade meu amigo. Tua escrita tem aquele dom raro de tocar fundo sem gritar — como se sussurrasse algo que a gente precisava lembrar, mesmo sem saber.

      P.S.: Te pergunto com o coração aberto: esse adeus veio da vida ou da imaginação que também sofre?

      • Melancolia...

        Meu irmão,
        Te ler foi como escutar a própria alma num espelho que fala. Você conseguiu captar com tanta precisão o que nem sempre consigo traduzir em palavras... Esse dom que você tem — de sentir com profundidade e dizer com leveza — é raro e precioso.

        Sim, o adeus dói, seja da vida ou da imaginação (que, como você bem disse, também sabe sofrer). Mas quando a gente tem amigos que entendem essa dor e a tratam com tanta delicadeza, tudo se torna mais suportável — quase bonito até.

        Obrigado de verdade, de coração aberto. Comentários como o seu não só confortam, como também me lembram do porquê escrever. E é por isso que sigo: por mim, por quem sente, e por amizades como a tua — que sabem ouvir até o que é dito no sussurro.

        ----P.S. Creio que a vida nos leva ao sofrimento....



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