Corda

Não fico amarrado a teu passo
Pois teu passo não amarra a ninguém,
Mas que não seja então um negócio,
Que não sejamos escravos de alguém 

Porque das coisas que eu tanto guardei,
Me perdi, mas agora me encontrei,
Sou espírito, sou um corpo,
Sou as palavras de um homem morto

As palavras que são sabedoria,
Dizem aqueles que sabem,
Mas as digam como poesia,
Pra que então elas não matem

Eu me perco nos meus encantos,
Me jogando em tantos cantos
Nessa casa eu me deixei
No passado eu esperei

Não sou a bola nem a corrente,
Mas se lhe dói a sua mente,
Como poderia eu, homem assim,
Ficar contente?

Contente com esse abraço,
Um aperto desesperado, 
A essa altura não me desfaço,
Não serei eu mais um fardo
Um espelho de ninguém 

Não sou fogo nem navalha
Sou um homem de acertos e falhas
Pode amar-me ainda assim,
Quando digo o que é bom pra mim?

Quero abraçar teus braços
Acompanhar seus passos
Mas não vou lutar
Sem um lugar pra voltar