Cordel da Fuga Disfarçada

Taís Rocha

Teu orgulho fez barulho
no calor da discussão,
disse adeus sem ter coragem,
me pintou de coração
vil e frio, sem verdade,
pra esconder tua emoção.

Fez de conta que era forte,
me excluiu do teu viver,
bloqueou mensagem e rosto
com receio de me ver.
Mas no fundo, bem lá dentro,
sabe que quer renascer.

Conta ao mundo que fui má,
que fui briga, que fui dor,
mas teu peito te desmente
no silêncio do temor.
Foge só pra não ceder
ao chamado desse amor.

Tu tem medo de encarar
o que ainda te consome,
pois sabe que se me ver,
vai lembrar do nosso nome.
E no espelho do teu peito,
o meu amor ainda é fome.

Tu jurou que me esqueceu,
mas não sabe nem mentir.
Cada passo que tu dá
é tentando resistir
à vontade de voltar
e ao medo de insistir.

Fez do orgulho tua arma,
mas a alma tá sangrando.
Tu me corta da lembrança,
mas o peito tá chamando.
Essa fuga disfarçada
é só dor se disfarçando.

No café das madrugadas
teu silêncio é meu sinal.
A saudade te visita
com lembrança sem igual.
E no toque que não vem
falta o mundo no final.

Nosso riso ainda ecoa
no teu canto mais calado.
Tu destrói o que constrói
com um gesto mal pensado.
Mas amor que é verdadeiro
não se apaga bloqueado.

Tu quis ter o fim na mão,
sem sequer olhar pra trás.
Transformou tua defesa
num discurso cheio de “mas”.
Só não sabe que o que sente
volta em dobro, sempre mais.

Tuas palavras tão geladas
não enganam meu saber.
Quem se fecha dessa forma
é quem mais teme sofrer.
Mas viver sem ser amado
é morrer sem perceber.

O silêncio que tu abraça
não consegue me calar.
Meu amor não tem vergonha
de insistir em te lembrar
que o que é grande de verdade
nem o tempo vai tirar.

Tu quer que o mundo acredite
que fui sombra, que fui dor.
Mas no espelho, toda noite,
te visita o mesmo amor.
E tu sabe: quem se esconde
é quem mais sente o calor.

Mas não sou quem vai bater
em porta que não se abre.
Já chorei, já desejei,
já pedi que a dor acabe.
Agora é contigo e o tempo:
eu me curo, tu te sabes.

Se um dia tua coragem
for maior que o teu temor,
se enxergar que amor bonito
não precisa ser terror,
meu caminho é estrada aberta…
mas talvez sem teu sabor.

  • Autor: sotaimesmo (Pseudónimo (Offline Offline)
  • Publicado: 6 de maio de 2025 02:31
  • Categoria: Conto
  • Visualizações: 1


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