Soneto 71 - William Shakespeare

Lianadesa

 

Quando eu morrer não chores mais por mim

Do que hás de ouvir triste sino a dobrar

Dizendo ao mundo que eu fugi enfim

Do mundo vil pra com os vermes morar.

 

E nem relembres, se estes versos leres,

A mão que os escreveu, pois te amo tanto

Que prefiro ver de mim te esqueceres

Do que o lembrar-me te levar ao pranto.

Se leres estas linhas, eu proclamo,

Quando eu, talvez, ao pó tenha voltado,

Nem tentes relembrar como me chamo:

Que fique o amor, como a vida, acabado.

Para que o sábio, olhando a tua dor,

Do amor não ria, depois que eu me for.

  • Autor: Lianadesa (Offline Offline)
  • Publicado: 5 de maio de 2025 05:45
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 45
  • Usuários favoritos deste poema: Melancolia...
Comentários +

Comentários2

  • Maria dorta

    Belo poema. Gesto heróico para um desenlace corajoso e quase homérico!

  • Otavio

    Quando eu morrer não chores mais por mim
    Do que oferecer muitas missas em sufrágio,
    E na velação do corpo inanimado e frio,
    Apenas De profundis cantado bem baixinho.

    Na procissão da minha habitação até o caixão,
    Rolem lágrimas de boa recordação.
    Cantem salmos em uma sacra entoação,
    Como de um coro em Eterna Habitação.

    Recordai vós, caros amigos, os meus feitos;
    Juntos dos amigos do Corpo, no Céu,
    As ações todas desvelamos.

    Mas amamos, pois sozinho não realizei tanto.
    Agora a todos, realmente juntos, anuncio isto:
    Quando eu morrer, quero morrer sorrindo.

    28 jun. 2025 Jacó

    https://www.youtube.com/watch?v=XxepL6rzvW4&list=RDTR_o1RpDqEk&index=6



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