Eles caminham entre nós,
com rostos partidos e sorrisos plásticos,
falsos redentores de suas próprias falhas,
mestres em tropeçar — mas sempre em nós.
Prometem mundos como quem oferece migalhas,
jogam palavras ao vento, mas pesam como ferro,
“eu vou mudar”, “é a última vez”, “me perdoa”
mentiras velhas, vestidas de esperança nova.
São arquitetos de ruínas sentimentais,
erguem castelos de cartas molhadas,
e quando tudo desmorona,
estendem as mãos, não para salvar,
mas para puxar você junto.
São covardes de alma morna,
incapazes de sustentar a própria promessa,
escolhem o atalho, fogem da luta,
culpam o mundo, mas o erro sempre começa no espelho.
Eles ferem — não com facas,
mas com o descaso afiado,
não com gritos, mas com o silêncio podre,
não com socos, mas com o peso constante do pouco.
Machucam devagar, para que você pense
que a dor é sua, que a culpa é sua,
que amar demais foi seu erro,
que esperar demais foi ingenuidade.
Mas a mediocridade deles não é acidente,
é escolha confortável, é caminho gasto,
é a certeza de que sempre haverá alguém
para consertar os pedaços que eles quebram.
E você, com mãos cansadas,
tenta reconstruir, mais uma vez,
porque amar parece valer a pena,
até perceber que amar quem não quer ser melhor é suicídio lento.
Eles vestem a pele da vítima,
“eu sou assim mesmo”, “é o meu jeito”,
mas quem ama de verdade não usa o amor como desculpa.
E cada erro repetido vira um grito sufocado,
um soco no peito de quem ainda espera,
um cansaço que não se alivia no sono,
um buraco no coração de quem deu tudo.
Mas chega.
Que carreguem sozinhos o peso da sua falha,
que bebam sozinhos da fonte rasa da própria mediocridade,
porque eu não sou mais cais para barco furado,
não sou mais teto para quem vive jogando pedra.
Hoje levanto os muros da minha dignidade,
hoje viro as costas para os pequenos,
para os covardes, para os medíocres sentimentais
que nunca souberam segurar um coração sem deixá-lo cair.
Que sigam afundando no pântano do pouco,
eu sigo em terra firme, com dor, mas de pé,
porque falhar é humano —
mas fazer do erro um lar, é falhar consigo mesmo.
E eu?
Eu escolho a estrada difícil,
mas verdadeira.
Eu escolho nunca mais voltar para os braços de quem só sabe soltar.
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Autor:
Xoness (
Offline)
- Publicado: 3 de maio de 2025 18:35
- Comentário do autor sobre o poema: Escrevi esse poema porque estou cansado de carregar as falhas dos outros. Cansado de sempre perdoar, de sempre esperar, de acreditar que as pessoas vão mudar quando no fundo elas nem tentam. Cada linha desse poema nasceu da dor de quem já amou demais, confiou demais, e no final só recebeu pouco, só recebeu descaso. Esse poema é o meu grito engasgado, é a minha forma de dizer que eu não vou mais aceitar migalhas, que eu mereço mais do que isso. Hoje eu decido me afastar de quem só sabe falhar comigo, de quem nunca me escolheu de verdade. Porque a vida é curta demais pra gente se prender a quem só sabe machucar.
- Categoria: Triste
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