ponto e reticências

para eu fazer falta, eu tenho que ser como você?
eu não quero agir sem consideração
por conveniência
preenchimento da carência 
e falta de convicção daquilo que quero
nem perder a razão
a tecla de espaço entre as palavras que você digitava para mim aumentou consideravelmente
o número de mensagens que você me enviava diminuiu magneticamente
as suas justificativas por seu sumiço ficaram cada vez mais ocas
a voz na ligação menos audível, cada vez mais rouca
o silêncio de cinco segundos não existia antes 
- nada dura para sempre -
ninguém conversa para sempre - você concordou comigo 
seria uma indireta?
os elogios cessaram, o interesse foi contido
a atração é fraca demais para manter o estímulo vivo
dessa vez não tive medo de sair da minha zona de (des)conforto
não me arrisquei a permanecer pairando no seu céu de trovoadas
você já não faz tanto esforço para que tenhamos uma relação de qualidade
eu já não faço tanto esforço para te convencer do contrário
não tenho esperanças, apenas percepção da minha irrelevância 
consciência da sua mudança
e aceitação do seu comportamento, deixando você entregar o que tem - mesmo que seja bem pouco
por isso não luto, não te busco, não insisto em alguém que teima contra mim 
não estamos no parquinho, não somos superiores ao outro para que haja obediência 
o seu livre-arbítrio irá te guiar - para longe de mim 
você me ensinou que não podemos escrever em árvores, deixamo-las vulneráveis a bactérias, encurtamos a vida dela
tiramos seu ar
e, assim como elas, você me causou ansiedade, me tirou o ar
logo depois de dizer que não queria me magoar 
enfim, sentirei saudades 
eu estava animada para que chegasse julho
agora vivo um dia de cada vez, apesar deles serem cinzentos às vezes
você me trouxe alguns dias nublados
sem cor 
fazer o que se seu sol se pôs e não nasceu de novo, o brilho que seu olho tinha quando você se lembrava de mim 
memórias
tudo que iremos nos transformar 
tudo que irá sobrar 
se uma boa e justa amizade (ou algo mais) você não é mais capaz de me ofertar
- nem sempre saudades é motivo para voltar -