BrCode do Amor Dedicado a Isadora Sousa Siqueira em homenagem e agradecimento pela inspiração – Isaac Siqueira

Taís Rocha

BrCode do Amor
(de quem te amou com o que restou de si)

Isadora,
Em cada linha de código,
eu busquei a tradução do nosso amor.
Não em palavras,
mas naquelas conexões invisíveis
que se criam entre os corações.
E no BrCode, te procurei,
com a esperança de um "oi",
de uma notificação que me dissesse
que ainda havia algo entre nós.

Por que o amor virou algo tão codificado?
Por que, quando o sistema parecia perfeito,
nosso coração parou de se comunicar?
O que faltou para entender
que, mesmo entre algoritmos e dados,
há um espaço que não se preenche com códigos?
Acho que esse espaço tem um nome: amor.

Eu te amei antes de saber que o BrCode existia.
Antes de entender que a conexão não se faz só no digital,
mas no toque real, no abraço,
naquilo que não tem tradução,
nem protocolo que consiga compreender.

Nosso amor não era para ser decifrado
em linhas de comando.
Ele era para ser vivido em bytes e toques,
em silêncios compartilhados e risos que não precisavam de Wi-Fi.
Mas fomos fazendo os nossos downloads,
e a cada falha de conexão,
a saudade se enraizou.

Eu, que busquei você em cada transação,
agora me vejo em busca de um "reconectar".
Será que o BrCode pode reverter o que o tempo apagou?
Será que o amor pode ser reprogramado,
ou ele apenas segue, em loops,
esperando que algo mude, que o sistema falhe menos?

Saudade não tem tradução,
nem código que a defina.
Ela está além do que é digital,
além de qualquer chave de segurança.
E eu te amei em cada tecla pressionada,
em cada sinal enviado,
mesmo quando o servidor estava sobrecarregado
e os dados não chegavam.

Eu tentei entender o que o BrCode não explicava.
O que me fazia seguir procurando sua presença
mesmo quando o sistema me dizia que estava offline.
Será que o amor não é só uma questão de ser encontrado?
Será que ele também precisa ser entendido de forma humana,
sem depender do sinal,
sem precisar de atualização?

 

Te amei em cada transação feita,
mas a minha verdadeira dor veio depois,
quando o sistema não mais me mostrou você.
Será que o amor entre nós,
assim como um BrCode,
pode ser reiniciado?

Comentários +

Comentários1

  • Melancolia...

    Que texto profundo e tocante... É como se cada linha fosse uma tentativa de reconexão não só com a outra pessoa, mas com um tempo em que o amor parecia mais simples, mais direto, menos "codificado". A metáfora com o BrCode e o universo digital ficou lindamente entrelaçada com a dor da saudade e a busca por sentido. Às vezes, a gente tenta traduzir sentimentos com lógica, mas o amor sempre escapa disso. Talvez ele não precise ser reprogramado — só acolhido, compreendido no silêncio das falhas e na força da presença, mesmo que ela hoje seja só lembrança.



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