Dívida.

Victor Severo

Chame do que quiser.

Esperneie, bata o pé.

Você roubou.

E continua roubando.

Você falhou.

E continua falhando.

Titubeou.

E defendendo sua fé.

Aos céus clamando.

Deliberou.

Manter-se insano.

Continua fingindo.

Permanece enganando.

Se envaidecer sorrindo.

Às vezes até gargalhando.

Mas quando é confrontado.

Jura, chora consternado.

Que não foi sua intenção.

Enganar quem lhe amava.

Desprezar quem esmolava.

Um pouco de afeição.

Cuspir no prato ofertado.

Simples, mas bem preparado.

Quase que com devoção.

Espero te ver no inferno.

E que ele seja eterno.

Espero lá te encontrar.

E no choro permanente.

No doce ranger de dentes.

Tua dívida cobrar.

Mas não, eu não tenho pressa.

É somente uma esperança.

Não, não me interessa.

Que o universo perverso.

Esse criminoso confesso.

Puna tão somente a mim.

É meio que um anseio.

Uma quimera, um devaneio.

Que nunca terá um fim.

Um desejo de vingança.

Mais puro que uma criança.

Que baila em inocente dança.

Até cair de exaustão.

Ser contigo enterrado.

Não digo que a seu lado.

Mas lacrado no mesmo caixão.

Apodrecer junto contigo.

Saboreando o castigo.

Inspirando a podridão.

Que do teu corpo emana.

Que da minha alma clama.

Teu pedido de perdão.

  • Autor: Victor Severo (Offline Offline)
  • Publicado: 23 de abril de 2025 10:23
  • Categoria: Não classificado
  • Visualizações: 6


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