Quando olho o caminho que deixei pra trás,
vejo passos marcados de dor,
cicatrizes que gritam em silêncio,
memórias que pesam mais que o tempo.
Foram vinte anos em prisão sem grades,
tentando salvar um castelo que só eu reconstruía,
dia após dia, com as mãos em carne viva,
enquanto ele, com palavras e atitudes, derrubava tudo.
Chorei sozinha, em noites que ninguém viu,
ninguém escutou os soluços no escuro,
ninguém viu meu nome sendo arrastado na lama,
nem a dignidade se esvaindo gota a gota.
Eu calei a dor para tentar dar uma família pra minhas filhas,
trabalhei como louca pra manter luz e pão,
fui mãe, fui guerreira, fui invisível,
e ele, com seu tempo livre, virou herói.
Aos olhos dos outros,
eu fui a que desistiu,
a que manchou reputações,
a vilã da própria história.
Fui refém de um relacionamento falido,
e quando enfim paguei o resgate,
vi meu algoz ser coroado mártir,
enquanto eu era apedrejada por tentar sobreviver.
E pensei, sim, em desistir…
Se não fosse a fé que me sustentou,
se não fosse Deus me chamando pela manhã,
dizendo: “Levanta, estou com você.”
Aí de mim, se não fosse Ele.
Aí de mim, se não fosse a promessa
de que toda dor um dia cessa.
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Autor:
Thelma Souza (
Offline)
- Publicado: 23 de abril de 2025 09:22
- Categoria: Não classificado
- Visualizações: 5
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